Livros

25 de ago. de 2025

 


Colette foi uma mulher sem história. Pelo menos, era nisso que Agnès, sua sobrinha, acreditava até o dia em que recebe uma ligação da polícia, comunicando o falecimento da tia. Ela é pega de surpresa, afinal, Colette havia sido enterrada três anos antes no cemitério de Gueugnon.

Por ser a parente viva mais próxima, cabe a Agnès voltar à cidadezinha da Borgonha e reconhecer o corpo. Se o óbito da tia for mesmo confirmado, quem estaria enterrada em seu lugar? E por que Colette fingiria a própria morte?

Essas e outras perguntas marcam o início de uma profunda investigação do passado. Com a ajuda de velhos amigos, testemunhas inesperadas e uma misteriosa mala cheia de fitas cassete, Agnès reconstrói a história de sua família, cujo destino está ligado a um circo de horrores, à única sobrevivente de uma família judia exterminada pelos nazistas, aos eventos envolvendo um célebre pianista e um assassino sem escrúpulos, às manobras traiçoeiras de um predador sexual e à paixão desenfreada pelo time de futebol de Gueugnon.

Com a delicadeza e a sagacidade que a consagraram em Água fresca para as flores e Três , Valérie Perrin nos conduz por um emaranhado de histórias e reviravoltas, no qual a capacidade inerente dos personagens de amar e resistir pode suplantar a força do remorso e do medo. Permeada por momentos de ternura e humor, a jornada de Agnès e Colette nos impele a fazer mais uma pergunta: teriam as palavras, escritas ou ditas, o poder de mudar o nosso presente e até nos revelar um outro passado?

Sinopse da editora

"Mas ninguém faz um telefonema desses ao sete anos. Uma ligação dessas pesa toneladas. Aos sete anos, não contamos que um moço autoritário nos machucou, ficamos com vergonha, nos sentimos sujos, porque não fizemos nada para impedir. Não ousamos chorar no colo da mãe, nos calamos. Todos nós conhecemos vítimas, e também predadores. Apertamos a mão deles, perguntamos como eles estão. O silêncio que cerca os algozes e suas presas é vertiginoso."

Tem histórias que só reforçam dentro de mim algo que sempre me acompanhou: é muito mais fácil respeitar alguém quando se leva em conta que todo mundo tem uma história. E acho que nos dias de hoje o que falta é isso: a empatia.

Em Querida Tia, esse sentimento ficou ainda mais reforçado dentro de mim, e também me reforçou o contraponto deste pensamento: que as vezes conhecer a história da pessoa também corrobore para ter ainda mais asco dela.

Nesse post explicarei porquê, mas primeiramente é indispensável trazer uma breve sinopse sobre essa história:

Agnes é uma cineasta respeitada que recebe uma ligação: sua tia é encontrada morta. Mas o problema é que essa mesma tia já morreu 3 anos antes. É então que Agnes descobre que sua tia Colette tinha muito mais segredos do que ela imaginava - segredos esses que vão mudar completamente a sua vida assim que ouvir as fitas que sua tia deixou.

Esse é só um resumo bem básico de toda a intensidade que Valérie Perrin nos traz para as páginas de “Querida Tia”. Diante do novo encontrado por Agnes, a protagonista será lançada para uma versão de sua tia que ela jamais conhecera: de uma mulher respeitada por uma cidade inteira, com uma bagagem que transborda coragem, afeto e bondade, e acima de tudo, passou a enxergar sua tia como uma MULHER, e não só a irmã de seu pai.

Não que Agnes não tivesse respeitado a sua tia em vida, muito pelo contrário. Ela nutria um amor genuíno pela mulher. Mas ao mergulhar em todas as histórias deixadas por ela gravadas em fitas cassetes, a personagem pôde conhecer o lado humano de Colette, com suas falhas e acertos, suas inseguranças e ressignificações. Alguém que decidiu pegar todas as suas experiências ruins e transformar em lição do que NÃO SER na vida. Alguém que permitiu enxergar-se com suas experiências que julgamos serem as mais comuns. Alguém que se enxergou em outras pessoas de diferentes formas, de coração aberto e sem qualquer vaidade.

Como contraponto temos o personagem Soudoro - um homem que vivenciou e sofreu a violência desde muito novo. Mas ao invés de querer eliminar a violência de sua vida, decidiu perpetuá-la em quem quer que fosse. Praticou o mal e disseminou o mesmo medo que sentiu quando pequeno. Decidiu cortar a compaixão de quem pudesse dando continuidade a personalidade do pai. Fez com que mulheres vivessem com medo até o último segundo de suas vidas. E assim deixou marcas pavorosas em vidas inocentes, por onde passou.

O contraponto do respeito por Colette foi o ódio por Soudoro.

O sentimento nutrido por Agnes ao saber de toda a sua história, no fim, foi um giro de 360 - ao mesmo tempo em que muita coisa que ela acreditava mudou, o sentimento continuou o mesmo. Mas não posso me estender aqui para não virar spoiler.

Embora algumas poucas coisas na história tenha me desagradado levemente, toda a bagagem emocional que ele me proporcionou compensou em medidas extraordinárias. Temos também coadjuvantes muito bem construídos, diálogos deliciosos de ler em capítulos curtinhos que devoramos sem sentir o tempo passar. É também uma oportunidade de olhar a violência sob todas as óticas, e se desvincular definitivamente de qualquer pré julgamento que se possa ter em relação à vitimas de violência que não tomam nenhuma atitude.

Vale cada página do seu tempo.


Resenha de outras obras de Valérie Perrin:


4 de ago. de 2025

 


"A história de uma família se parece mais com um mapa topográfico do que com um romance, e uma biografia é a soma de todas as eras geológicas que você atravessou", anota a narradora deste livro singular e apaixonante. Como se conta uma vida senão explorando seus lugares simbólicos e geográficos, reconstruindo um mapa de si mesmo e do mundo vivido? Entre a Basilicata e o Brooklyn, de Roma a Londres, da infância ao futuro, este romance de Claudia Durastanti é uma aventura ― muito pessoal ― que combina novas e velhas migrações. 

Filha de pais surdos que se opõem à sensação de isolamento com uma relação tão apaixonada quanto raivosa, a protagonista vive uma infância febril, algo frágil, mas capaz, como uma planta teimosa, de deixar raízes em todos os lugares. 

Descendente de uma família de imigrantes que trocou a Itália pelos Estados Unidos, ela nasceu no Brooklyn. Mais tarde voltou com a mãe para a aldeia da família na Itália. Adulta, se muda para Londres. Em todos esses lugares, a mesma sensação: a de ser estrangeira. Mas a menina que se tornou adulta não para de traçar novos caminhos migratórios: para o estudo, para a emancipação, para o amor irremediável. 

A alteridade se torna parte de seu espírito. História de uma educação sentimental bastante contemporânea, A estrangeira cativa pela fluidez de seu texto e de sua própria forma ― capaz de conter a geografia e o tempo. E demonstra que a história de uma família, suas vozes e seus percursos, é, antes de tudo, a narrativa de uma casa que pode estar em todos os lugares.

Sinopse da editora

"Esta era uma das vantagens da solidão: não era necessário buscar simetrias."


Sabe quando você lê um livro que mais parece um desabafo de uma amiga do que uma história? Foi essa a sensação que tive ao ler “A estrangeira”, uma autobiografia de Claudia Durastanti, publicado aqui no Brasil pela editora Todavia.

A Claudia é filha de pais surdos e imigrantes italianos. Ela nasceu no Brooklyn, Nova York, e se mudou ainda jovem para a Itália com a sua mãe. Durante a sua vida universitária a autora se muda para a Inglaterra e todas as 253 páginas do livro são um relato de como ela não se sente pertencente à lugar algum.

A escrita de Claudia me lembrou muito a de Elena Ferrante, e a sua narrativa é muito semelhante a trilogia Esboço, de Rachel Cusk. O livro tem capítulos bem curtos, e pra mim foi um exercício de “escuta” e empatia. Digo isso porque muito do que Claudia sentiu provavelmente seria sentido de forma diferente por mim, mas como nossas experiências de vida são únicas e individuais, o meu relacionamento com minha mãe é bem diferente do de Claudia com a mãe dela, não dá para usar a minha régua para julgar a forma como ela se sentiu diante de tudo o que passou.

Ler este livro é como ter uma conversa com uma amiga que precisa desabafar, e isso pode gerar uma certa estranheza e desconforto caso você não tenha muita paciência para “ouvir”. Mas trata-se de um desabafo de alguém que nunca se sentiu pertencente a nenhum lugar, nem mesmo dentro de sua própria família.

Embora a leitura seja bem morna, sem nenhum plot ou algo extraordinário, Claudia traz muitos relatos sobre a infância dos pais, como eles se conheceram, a motivação do casal para imigrar para perto da familia da mãe, e como foi crescer diante desses dois universos, que na visão dela, era praticamente paralelos.

Teve momentos do livro que me identifiquei muito com ela, como o capitulo de sua adolescência, principalmente em relação aos anseios bobos e por ficar horas pensando em como uma música tinha tudo a ver com um filme que gostava. No caso, ela conta como uma música do REM parecia uma analogia do filme “Conta comigo”.

Não é um livro para ler a qualquer momento. Ele exige muito da sua concentração e paciência,mas também nos traz diferentes reflexões de como nos sentiríamos diante das mesmas situações em que Claudia viveu.

Em muitos momentos Claudia é bastante dura na critica aos pais, e isso pode incomodar bastante algumas pessoas, mas eu acho as criticas honestas, não me incomodou não. Ela expõe um pai muito problemático e uma mãe bastante impulsiva. E quando a gente pára para analisar, percebe que nada mais é que um comportamento reflexo da educação (ou a falta de) que ambos tiveram.

Eu visualizei 3 partes distintas contextualizadas no livro: um breve relato sobre a juventude dos pais, e como eles se conheceram, a construção de sua família, assim como a sua ruína. E já no final do livro, Claudia até esquece um pouco da existência dos pais, falando mais sobre si mesma e seus relacionamentos. Mas depois você entende que é a maneira como a autora quer que você perceba o quanto sua vida familiar afetou os seus relacionamentos.

Se Claudia fosse minha amiga e me pedisse um conselho, eu diria a ela que o reflexo de sua vida sentimental não tem nada a ver com a surdez de seus pais, mas sim a relação tóxica que eles tiveram, e que ela presenciou.



6 de jul. de 2025

 


Coisas boas acontecem no lago. É o que Nan, a avó de Alice, sempre diz, e é verdade. A Alice de dezessete anos mal poderia imagina que um verão em Barry’s Bay determinaria seu futuro ― foi lá que ela tirou a foto de três adolescentes em uma lancha amarela, a imagem que a fez se apaixonar por fotografia e mudou sua vida.

Como fotógrafa, ela vive por trás de uma lente e se sente mais confortável fazendo outras pessoas brilharem. Porém, ultimamente, tem desejado algo mais. Quando Nan cai e quebra o quadril, Alice sente o coração apertar. Então, planeja uma viagem especial para as duas: um verão mágico em Barry’s Bay. Mas, assim que chegam, a paz delas é interrompida pelo ruído de uma familiar lancha amarela… e o homem que a conduz.

Charlie Florek tinha apenas dezenove anos quando Alice o fotografou de longe. Agora, aos trinta e cinco anos, é um conquistador charmoso que consegue fazer Nan rir de novo e Alice desejar voltar a ter dezessete anos, quando a vida era mais simples, quando tirar fotos era apenas uma diversão. Os dias ensolarados e as noites quentes no lago com Charlie são um bálsamo para a alma de Alice, mas quando se depara com o olhar penetrante e verde dele começa a se preocupar com o próprio coração.

Alice sempre foi boa em ver as pessoas como elas são, mas ela nunca conheceu alguém que a enxergasse tão profundamente.

Sinopse da editora

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Toda vez que Carley Fortune lança alguma obra, eu vou lá igual uma cachorrinha ler imediatamente. "Depois daquele verão" foi um romance que ganhou o meu coração, e na medida que outros livros foram sendo lançados, eu sentia que nenhum outro superava esse livro de estreia da autora. Até agora.

"Um verão radiante" nos traz de volta o personagem Charlie, e a escritora nos presenteia com uma história radiante deste que cativou tantas pessoas no primeiro livro. Mas na verdade quem protagoniza mesmo esse romance é Alice, uma fotógrafa de 33 anos que aproveita as semanas que sua avó precisa se recuperar de uma cirurgia para fugir com ela para Barry's Bay, e assim separar um tempo para si mesma e decidir quais são os próximos passos a serem tomados para a sua carreira. No entanto, ela não contava que reencontraria Charlie, o garoto de sua tão elogiada foto de 16 anos atrás, e que ele tornaria o verão dela ainda mais interessante.  E é exatamente Alice que vai transformar todos os planos de Charlie de não se amarrar a ninguém em algo completamente impossível.

Carley sabe criar uma química entre os seus casais como ninguém, isso é indiscutível. Mas o que torna "Um verão radiante" tão querido quanto o seu livro de estreia é que não é só o casal protagonista que cativa, e sim todos os personagens. É impossível não se apaixonar por Nan, e reencontrar Percy e Sam, mesmo que em poucas páginas, deixa a história ainda mais gostosa de ler. 

Embora Alice seja uma personagem que se dedica muito aos demais, o arco de redenção de todas essas pessoas que negligenciaram uma recíproca é também de encher o coração. Confesso que uma lágrima rolou quando Alice mandou um pedido de socorro no grupão do zap da família e todo mundo foi correndo enche-la de abraço. Personagens que tem diferentes linguagens do amor me fazem acreditar que esse mundo ainda tem jeito, mesmo que seja a mais pura ficção.



Outras obras de Carley Fortune que resenhei:

1 de jul. de 2025

 


Junho veio com força total e passou feito foguete. Entre trabalhos e bateções de perna, teve livros lidos, livros adquiridos, cineminha com filme muito aguardado, série conforto iniciada e preparativos para alcançar mais um ano que completei uma volta no Sol. Registrei tudo isso no modo shuffle lá no meu canal do Youtube.

E se você ainda não se inscreveu por lá... tá esperando o que?




28 de jun. de 2025



Joan Goodwin é obcecada pelo Universo desde que se entende por gente. Atenciosa e reservada, ela está satisfeita com a vida de professora universitária e como tia de Frances, sua sobrinha precoce. Isso até se deparar com um anúncio da Nasa à procura de mulheres cientistas interessadas em integrar o primeiro projeto do programa Ônibus Espacial. De repente, tudo o que Joan mais quer é ser uma das poucas pessoas a ir para o espaço. 
Selecionada entre milhares de candidatas, Joan inicia o treinamento no Centro Espacial Johnson, em Houston, no verão de 1980 junto a um grupo excepcional: o piloto de caças Hank Redmond e o cientista John Griffin; a especialista de missão Lydia Danes, nem sempre a mais agradável; a calorosa Donna Fitzgerald, que navega nos próprios segredos; e Vanessa Ford, a misteriosa e encantadora engenheira aeronáutica capaz de fazer qualquer nave voar. 
E então, em dezembro de 1984, durante a missão STS-LR9, tudo muda num piscar de olhos. Enquanto os astronautas aprofundam os laços de amizade e se preparam para os primeiros voos, Joan descobre uma paixão e um amor que nunca imaginou viver. Com um novo mundo diante de si, ela passa a questionar tudo o que sabe sobre seu lugar no universo. 
Frenético, apaixonante e inspirador, Atmosfera é Taylor Jenkins Reid em seu melhor: transportando leitores para tempos e lugares inimagináveis, apresentando personagens complexas e reais e contando histórias comoventes sobre o poder do amor ― dessa vez, entre as estrelas.

Sinopse da editora

"O mundo tinha decidido que ser forte era sinônimo de ser infalível. Mas todos nós estamos sujeitos a falhar. Os fortes de verdade são aqueles que aceitam isso."




É difícil fazer uma resenha sem rasgar seda quando se trata de minha autora favorita. Eu passo anos esperando pacientemente um lançamento de Taylor Jenkins Reid porque sei que a espera sempre vale a pena - ela nunca me decepciona. E é por isso que ela tem cadeira cativa no meu coração.

Em Atmosfera, TJR nos apresenta para uma protagonista marcante, forte, inspiradora e que está em sua melhor fase da vida profissional - ela está prestes a se tornar uma astronauta. E no meio dessa realização de sonho, ela se depara com uma nova descoberta sobre sua própria vida. 


"Durante todo esse tempo observando as pessoas, nunca tinha percebido essa parte do amor, em que a outra pessoa olhava para você como se fosse o centro de tudo. E, apesar de saber que não era o caso, você se permitia por um momento acreditar que também merecia que tudo girasse ao seu redor."

Encontrar um amor em uma época em que as mulheres tinham que lutar para serem respeitadas, fora dos padrões que a sociedade julga como “certos”, é uma sensação agridoce. E a forma como a autora encontrou para descrever toda essa trajetória, com riqueza de detalhes no campo profissional de Joan, foi enriquecedor para o livro, pois pelo menos em minha experiência como leitora, me despertou uma empatia absurda. Eu queria abraçar alguns dos personagens.

Eu amo a forma como Taylor nos conta uma história de maneira afunilada, porque no momento em que essas duas linhas do tempo se encontram, é sempre algo que nos arranca suspiros. Aqui ela me arrancou lágrimas.

E que final de livro foi esse? Consegui visualizar tudinho em minha mente tudo o que foi narrado, como se fosse um filme. O ruim dos livros da TJR, infelizmente, é que eles acabam. Aí só nos resta nos encher de paciência novamente para esperar uma nova história incrível dessa maravilhosa.


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Outros livros da Taylor Jenkins Reid que já resenhei

13 de jun. de 2025

 


Como nasce uma mãe? E o que sobra para ela depois que os filhos saem de casa? A maternidade tem muitas facetas a serem exploradas, aspectos que afloram nossas melhores (e piores) emoções.

Com a proximidade do seu aniversário de 50 anos, Élise precisa aprender a lidar com a solidão. Sua filha mais velha vive em Londres, e o caçula acaba de se mudar para Paris. Como se não bastasse, sua única companhia para enfrentar o ninho vazio é um cachorro desajeitado e um tanto depressivo. Agora, ela deverá encontrar um novo sentido para sua vida e reaprender a não viver em função dos filhos.

Em situação oposta está Lili, que ainda não estava pronta para dar à luz uma menininha. Sua filha chegou antes da hora, trazendo consigo todas as angústias e temores que só uma mãe é capaz de sentir: Ela vai resistir? Como existirei sem minha filha? Ela viverá bem? Algum dia nossas vidas voltarão ao normal? Lili ainda busca entender como um ser tão minúsculo pode ocupar tamanho espaço na vida de alguém.

Duas histórias, duas versões diferentes da maternidade: a mulher que precisa aprender a ser mãe e a mãe que precisa reaprender a ser mulher.

As pequenas alegrias é um romance sensível sobre as ondas de emoções que inundam nossa vida, sobre os pequenos grandes momentos em que tudo ao nosso redor se transforma, sobre os encontros indeléveis que mudam nosso destino para sempre.

Sinopse da editora

“O extraordinário se esconde no ordinário”


Quero começar esta resenha com essas aspas porque ela representa com maestria todas as histórias de Virginie Grimaldi. "As pequenas alegrias" era o último livro que faltava ler da autora, e não me canso de panfletar o trabalho dessa mulher a cada obra que termino. Nós somos presenteados com histórias tão aconchegantes, tão reais, escritas de uma maneira tão leve que dá vontade de morar em seus livros.

Diferente dos demais livros de Virginie, achei que "As pequenas alegrias" foi o único que fugiu um pouco das configurações habituais de histórias dela, mas não posso elaborar muito sobre isso para não dar spoiler. Mas enquanto nos outros esperamos por pequenas surpresas aqui e ali até o desfecho do livro, neste temos uma pequena surpresa contada de uma forma um pouco diferente, mas que não deixa de surpreender e aquecer o coração mais peludo que seja.


“A maternidade restabeleceu em mim o que a infância havia perdido.”


Lili e Élise são responsáveis em trazer a nossa leitura essa atmosfera maternal que marca presença a cada capítulo. De um lado, uma mãe de primeira viagem, mãe de um bebê prematuro, que está conhecendo um lado da vida que ela jamais visitara. E em meio a sua bagagem de vida, a um luto ainda não superado e ter que lidar com sogros intrometidos e despeitosos, ela encontra na luta pela sobrevivência da filha uma inspiração e força que ela até então desconhecia. 

Já do outro lado temos uma mãe prestes a completar 50 anos, que vive seus primeiros dias de solidão após seu filho mais novo sair de casa para estudar na capital. A adaptação a sua nova vida, cheia de liberdade a qual ela nem almejava tanto assim, a faz refletir sobre como sua vida foi condicionada a ser mãe integralmente, sem nem perceber. Para ela, era como reaprender a andar sem onde se apoiar, mas nessa caminhada ela encontrou uma forma de doar este amor que a transbordava a quem precisava: ser voluntária no hospital onde a filha de Lili nasceu.

E a nossa experiência de histórias intercaladas a cada capítulo dessas mães nos apresenta a versões da maternidade que podem ser fases, podem ser sentimentos, podem ser bagagens, podem ser ensinamentos e podem ser o fortalecimento de laços eternos, que emocionam até mesmo quem não sonha com a maternidade como eu.

Obrigada, Virginie. 

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Outras obras da autora que resenhei:



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