12 de mar. de 2024

 


Quando Josie Jensen, uma desajeitada menina prodígio da música, conhece Samuel Yates, um garoto confuso e revoltado descendente dos índios Navajos, uma amizade improvável floresce. Apesar de ser cinco anos mais nova, Josie ensina a Samuel sobre palavras, música, sonhos, e, com o tempo, eles formam um forte vínculo de amizade. Após se formar no colégio, Samuel abandona a cidadezinha onde vivem em busca de um futuro, deixando sua jovem amiga com o coração partido. Muitos anos depois, quando Samuel retorna, percebe que Josie necessita exatamente das coisas que ela lhe oferecera na adolescência. É a vez de Samuel ensinar a Josie sobre a vidae o amor e guiá-la para que ela encontre seu rumo, sua felicidade. Profundamente romântico, Correndo descalça é a história de uma garota do interior e um garoto indígena, sobre os laços que os ligam a suas casas e famílias e sobre o amor que lhes dá asas para voar.

"Algumas coisas não podem ser explicadas ou compartilhadas, porque perdem o brilho quando são passadas adiante."

Seis dias! Este foi meu segundo contato com a autora (o primeiro foi com O que o vento sussurra) e se antes eu achava que Amy Harmon era incrível, agora eu tenho certeza. 

A história de Josie e Samuel é muito envolvente, cheias de nuances, leveza e ensinamentos. A simplicidade da vida dos personagens dá um destaque maior para a importância dos sentimentos de cada um - não há nada material que tire o foco dessa intensidade que a autora quis transmitir. E é aí que o livro te pega. 

A autora capricha bastante na história dos Navajos, e coloca Samuel como o locutor desses ensinamentos. Embora Josie seja Mórmon, não há muitas evidências sobre esta cultura na personagem - provavelmente porque a autora queria evidenciar a maturidade precoce da personagem. Mas a união dessas informações trazem uma curiosidade ainda maior para o livro: a história de uma amizade sincera entre uma garotinha mórmon e um filho de Navajo, ambos se sentindo desajustados na escola, e que cultivam um sentimento que transcende qualquer cultura ou preconceito.


Outros livros da autora que já li:


5 de mar. de 2024

 



Quando descobre que o noivo está apaixonado por outra pessoa, Wren acha que jamais vai se recuperar. Do outro lado do mundo, Anders perdeu a esposa há quatro anos e ainda luta para seguir em frente. Mas o destino está prestes a pregar uma peça nos dois...

Após o rompimento, a cidadezinha inglesa onde Wren e o ex-noivo moram fica sufocante demais. Então ela decide passar o verão na fazenda em que seu pai e a nova família dele vivem, nos Estados Unidos. Ali, em meio à natureza exuberante, Wren conhece Anders e seu mundo vira de cabeça para baixo.

O que Wren não sabe é que Anders guarda um segredo, e, se ele se render aos próprios sentimentos, isso trará sérias consequências. Abandonar o homem que ela ama machucaria Wren mais do que ela pode imaginar. Mas, sabendo a verdade, como ela poderia continuar ao lado dele?

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Peguei este livro no Kindle Unlimited depois de ver diversas resenhas positivas sobre ele. De fato é uma história interessante, com uma reviravolta inesperada, que dá aquela fisgada maldosa no coração. Mas confesso que a leitura foi meio arrastada durante boa parte da história, pois senti que se não houvesse detalhes tão minuciosos sobre os lugares que a protagonista passava, teríamos só metade das páginas, pois a evolução da história de fato é pouca. 

Mas tirando esse detalhe, a história traz bastante (e boas) reflexões da personagem, já que ela se vê diante de mais uma reviravolta em sua vida. Ao ir de encontro ao seu pai em outro país, também vai de encontro à reflexões sobre o seu relacionamento com ele e de sua (não tão nova) família. Wren esquece totalmente o seu desafio de esquecer o ex quando percebe que muito do que não viveu com o seu pai foi por ter se mantido fechada para o novo, nos oferecendo também uma bonita reflexão: o quanto permitimos que as pessoas entrem em nossas vidas para curar certas feridas?

21 de fev. de 2024



Mesmo que não seja muito comum aqui no Brasil, acredito que muitas pessoas saibam o que é um floco de neve. Algo levinho, aparentemente frágil, mas feito por inúmeras moléculas capazes de formar uma estrutura resistente (acredito que ela vai gostar desta analogia, já que ela nutre uma predileção pelo frio. Gosto duvidoso? Sim, mas gosto é gosto).

Não se enganem com a aparência da filha perfeita de uma família quatrocentona de São Paulo. Ela está longe de ser perfeita, e nem quer ser. Aliás, este gosto sim compartilhamos, de não aturar pessoas que são muito boazinhas e não entendem a realidade da vida.

Este texto está meio confuso. Vamos começar do começo, portanto.

Nos conhecemos na faculdade. Estudávamos em Campus diferentes, mas nossa liderança nata chamou a atenção dos professores que nos juntaram para um projeto grande. Enquanto ela era firme e gentil, eu fazia a doida e molenga.
Ainda assim, demos muito certo.

Aprendemos muito juntas. Erramos também. Mas ela sempre esteve do meu lado nos piores momentos. Era minha primeira crise de depressão, e ela brigava duramente com minha impostora, pois eu já não tinha mais forças. Ela me ensinou que sim, as pessoas machucam, mas as pessoas valem a pena e não são descartáveis. E eu não preciso me fechar em uma ilha deserta (essa parte ela vai gostar também, porque remete ao filme Náufrago, já que ela ama o Tom Hanks).


Mas se você quiser ter a amizade dela, este é um checklist do que a deixa feliz:

  • Romances dramáticos
  • Sorvete da Bacio di Latte (já discutimos uma vez por isso) 
  • Fórmula 1 / Lewis Hamilton)
  • Croissant que o consagrado leva para ela no final do dia 
  • Box do banheiro sem manchas
  • Frio (affff)

A Sheila é um tipo de ser humano com um faro muito aguçado, desde sempre. Foram incontáveis vezes que ela falou “isso não vai dar bom”, e realmente não deu. Mas ao mesmo tempo, desde que nos conhecemos lá no tempo do guaraná com rolha, todas as vezes que estive na escuridão, ela estava ali me dando a mão: no meu primeiro relacionamento tóxico depois de adulta; na minha primeira depressão; e em mais dois momentos marcantes na minha vida. Agora com 40 anos nas costas, e depois de ter quebrado a cara com muita gente sem caráter, a admiro ainda mais. Porque mesmo eu sendo estranha, esquisita e estando na pior, ela tá lá. Na alegria e na chatice.

A Sheila não é a pessoa que vai pela levada, que vai babar ovo de alguém só porque todo mundo gosta, ou se afastar de pessoas só porque todo mundo acha esquisito, muito pelo contrário. Sem querer ser good vibes batendo palmas para o sol, mas ela é muito sensível a energia das pessoas. E é reconfortante saber que sou uma das que tem a honra de ser do bloquinho das estranhas da Sheila. Se ela acredita em mim, tenho certeza de que venci na vida.

 


Mary Jane é uma adolescente que adora cozinhar com a mãe, cantar no coral da igreja e ouvir discos. Tímida, discreta e gentil, ela consegue um emprego como babá da filha de um médico — um trabalho respeitável em uma casa respeitável, pelo menos é o que pensam os pais de Mary Jane.

Mas logo no primeiro dia de trabalho, Mary Jane descobre que foi parar na casa de uma família hippie que vive de um jeito completamente diferente de sua própria família. Para completar — e ainda mais fora da caixinha! —, o médico em questão é um psiquiatra que trata de um famoso astro do rock viciado em drogas.

A convivência com essa nova família desperta em Mary Jane sentimentos e percepções que, até então, ela nunca tinha vivido. Dividida entre o estilo de vida rígido que sempre conheceu e a liberdade que descobre ser possível, como será que Mary Jane vai terminar o verão?


Mary Jane é uma viagem musical, divertida e espirituosa pela década de 70. Acompanhe a chegada dessa protagonista inesquecível à vida adulta e se prepare para descobrir um mundo novo junto com Mary Jane!

"O que nunca aprendemos foi que às vezes as ideias racistas e antissemitas eram despertadas pelas próprias pessoas com quem você convivia."

Vi uma única resenha sobre este livro que dizia que era uma mistura de Quase Famosos com Daisy Jones & The Six - comparações que foram mais do que suficientes para me convencer a embarcar na leitura. E quem busca uma narrativa leve e bem humorada deve fazer o mesmo - em Mary Jane, a gente se depara com uma história contada em primeira pessoa, narrada por uma adolescente de 14 anos que descobre um mundo completamente diferente do seu, e fica fascinada por isso.

"Sentir alguma coisa era se sentir vivo. E se sentir vivo estava começando a se parecer com amor".

O que vale mencionar aqui é que há livros com diferentes objetivos quando são escritos: alguns focam em construir uma boa história, outros pretendem focar em sentimentos e sensações diante de um ou mais acontecimentos. Em Mary Jane a autora opta pelo caminho número 2 - não temos uma história sensacional, mas temos de bandeja como Mary Jane se sente ao descobrir que há uma vida completamente divertida e libertadora fora dos muros imaginários criados por sua família conservadora. E todas as dúvidas genuínas de uma adolescente são exploradas pela autora durante a história, sem transformar Mary Jane em uma pudica completa (os melhores momentos são quando a garota começa a se questionar se é uma viciada em sexo, sendo virgem!). 

"Parte de estar vivo é descobrir o equilíbrio entre  que você quer, o que você precisa e o que você tem; e o que você não quer, não precisa e não tem."

Confesso que nos momentos em que os personagens começavam a interagir cantando ou inventando músicas eu meio que fiz uma leitura dinâmica (tive 0 paciência mesmo, me desculpem), mas nada que tirasse estrelinhas do livro: Mary Jane é uma ótima leitura entre um livro pesado e outro, que nos transporta para os anos 1970 de uma maneira deliciosa, e também nos traz um saudosimo precioso de nossa própria juventude.

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9 de fev. de 2024

 


Recentemente, aprendi na terapia a diferença entre solidão e solitude. Solidão é aquele sentimento que pode morar na gente mesmo no meio de uma multidão. Já a solitude é aquela sensação de prazer ao curtir a sua própria companhia, sem incômodo. E foi curtindo a minha solitude que fui ao cinema na minha própria cia assistir Pobres Criaturas (que coincidentemente, da última vez que fui ao cinema sozinha foi para assistir também um outro filme de Emma Stone). 

Já faz um tempo que descobri o quão prazeiroso é fazer este tipo de programação. E honestamente, preciso repetir mais vezes. Para mim, o cinema sempre foi uma imersão na cabeça de quem criou aquela história, assim como os livros, e curtir esta experiência sozinha aumenta ainda mais as químicas do meu cérebro. Também não sei se esta sensação tenha sido causada pelo próprio filme - talvez seja um pouquinho dos dois.

E posso dizer que a total imersão assistindo Pobres Criaturas foi uma viagem fantástica, conduzida por um roteiro incrivelmente perspicaz, cores (e por um certo tempo, a ausência delas) em tons pastel para seduzir a sua atenção, e me arrisco a dizer que é também para te deixar confortável em meio as bizarrices que acontecerão ao longo da trama. Há um certo charme nos efeitos visuais, que caminham lado a lado com a trilha sonora na tentativa de te causar estranheza em meio ao conforto das cores, e assim você passa achar excentricamente fofo um buldogue com corpo de pato e um pato com corpo de cachorro passar na sua tela. 


O trailer não te oferecer uma sinopse é um convite para a surpresa. Isso torna a experiência ainda mais gostosa, porque faz parte você acompanhar a evolução de Bella Bexter, a personagem interpretada (maravilhosamente bem) por Emma Stone, sem nenhuma expectativa. E trazer essa evolução para tela de forma lúdica é um prato cheio para esta imersão, porque transforma a história de um Frankestein em um conto de fadas empático. Aqui nos deparamos com uma criatura desprovida de hipocrisia, 100% literal, que não perde sua pureza nem diante dos prazeres, e que inconscientemente passa o filme todo fugindo de diversos tipos de castrações (figurativas ou literais), seja por seu comportamento "esquisito", seja por sua personalidade questionadora ou por machismo mesmo.

E enquanto estava eu ali sentada, curtindo o filme e minha solitude, reparei que Bella Bexter também conduz a história passeando pela solitude e solidão. Ela se rebela quando se sente sozinha em uma casa imensa, quando percebe que o mundo lá fora oferece muito além dos portões de sua casa, que é mais divertido desbravá-lo do que quebrar pratos durante o jantar. E ao explorá-lo, ela se apaixona por sua solitude, enquanto conhece pessoas sem se aprofundar em relacionamentos, enquanto estuda as reações humanas (muito diferentes das suas) de longe. Quando se depara pela primeira vez com a escassez e pobreza. Tudo isso faz parte da evolução dela, até chegar ao seu ápice, no fim do filme.



A estranheza dos personagens e do próprio espectador também surge ao conhecer os conflitos de Bella, mas que só se parecem com conflitos porque acreditamos fielmente que alguém desprovido de moralidade não seja capaz de sentir nada. Ao mesmo tempo que ela se sente grata por alguém que salvou a sua vida, também sente raiva por quem a aprisionou. O personagem Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo) não se conforma ao ver uma mulher sem apego emocional nenhum à ele, mesmo que ela demonstre total devoção à sua figura na cama. Mas está aí uma protagonista totalmente desembrulhada de todas as camadas finas de percepções que nós mesmos criamos na nossa cabeça sem ninguém ter pedido nada.

Quanto à ambientação totalmente desprendida de uma época, para mim foi um deboche maravilhoso da nossa cara. Seja no passado das mangas bufantes e arquitetura vitoriana, ou no presente/futuro dos carros voadores, nós evoluímos muito pouco moralmente, e isso com certeza é um prelúdio das próximas eras. Diferente de Bella, que evoluiu em duas horas de filme, provavelmente ainda estamos longe de enxergar o mundo como ele é verdadeiramente, desprendidos de nossas vaidades e egoísmo.

Esta resenha está disponível também de maneira bem reduzida em vídeo aqui e aqui.

8 de fev. de 2024

 


Anne Gallagher é um escritora rica e famosa que vive em um lindo apartamento em Manhattan. Ela sempre sentiu verdadeiro fascínio pelas histórias de seu avô sobre a Irlanda, mas nunca teve a chance de conhecer o país. Até agora.

Arrasada com a morte do avô, Anne viaja para a terra onde ele passou a infância para espalhar suas cinzas. Lá, dominada pelas lembranças do homem que ela adorava e consumida por uma história que nunca conheceu, Anne é puxada para outro tempo.

A Irlanda de 1921, à beira da guerra, é um lugar perigoso onde despertar. Mas é ali que Anne se encontra, ferida, desorientada e sob os cuidados do dr. Thomas Smith, guardião de um menino estranhamente familiar. Confundida com a mãe desaparecida do menino, Anne adota sua identidade, convencida de que o sumiço da mulher está ligado ao seu.

À medida que as tensões aumentam, Thomas se junta à luta pela independência da Irlanda e Anne é arrastada para o conflito ao lado dele. Presa entre a história e seu coração, ela deve decidir se está disposta a abrir mão da vida que conhecia por um amor que nunca pensou que encontraria. Mas será que a escolha é realmente dela?


“Se todos os homens amassem suas esposas como eu amo Anne, seríamos um bando de inúteis. Ou talvez o mundo conhecesse a paz. Talvez as guerras acabassem e a luta cessasse, pois centraríamos nossa vida em amar e ser amados.”

Eis aqui uma obra que me encantou em cada capítulo, mas que me encantou ainda mais quando cheguei aos agradecimentos: "O que o vento sussurra" é uma história de pura ficção, que literalmente mergulha entre o passado e o presente. 

Depois de pesquisar mais sobre seus antepassados, a autora se inspirou tanto que criou esta história, misturando pessoas reais a personagens do seu imaginário, mas inspirados em seus familiares que ela conheceu através dessas pesquisas.

Aqui temos não só a Irlanda no passado como pano de fundo, mas também outros núcleos que nos oferece de bandeja um entretenimento completo: temos o romance de época, a viagem no tempo, a história real de Michael Collins (que me despertou a curiosidade de pesquisar mais sobre sua importância para a história da Irlanda), e também uma aula sobre a independência da Irlanda (muito embora a autora tenha evitado se aprofundar no conflito para não levantar bandeiras). Demorei mais do que o normal para finalizar a história porque eu fazia questão de ler somente um capítulo por vez (que são relativamente longos), para degustar com bastante preciosidade tanto a narrativa de Anne quanto a de Thomas, através de seus diários.

Não é um livro para relaxar. É um livro para apreciar em doses homeopáticas. Recomendo de olhos fechados.


Você também pode conferir a resenha em vídeo deste livro aqui e aqui.

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