12 de mar. de 2024
"Algumas coisas não podem ser explicadas ou compartilhadas, porque perdem o brilho quando são passadas adiante."
5 de mar. de 2024
21 de fev. de 2024
- Romances dramáticos
- Sorvete da Bacio di Latte (já discutimos uma vez por isso)
- Fórmula 1 / Lewis Hamilton)
- Croissant que o consagrado leva para ela no final do dia
- Box do banheiro sem manchas
- Frio (affff)
"O que nunca aprendemos foi que às vezes as ideias racistas e antissemitas eram despertadas pelas próprias pessoas com quem você convivia."
Vi uma única resenha sobre este livro que dizia que era uma mistura de Quase Famosos com Daisy Jones & The Six - comparações que foram mais do que suficientes para me convencer a embarcar na leitura. E quem busca uma narrativa leve e bem humorada deve fazer o mesmo - em Mary Jane, a gente se depara com uma história contada em primeira pessoa, narrada por uma adolescente de 14 anos que descobre um mundo completamente diferente do seu, e fica fascinada por isso.
"Sentir alguma coisa era se sentir vivo. E se sentir vivo estava começando a se parecer com amor".
O que vale mencionar aqui é que há livros com diferentes objetivos quando são escritos: alguns focam em construir uma boa história, outros pretendem focar em sentimentos e sensações diante de um ou mais acontecimentos. Em Mary Jane a autora opta pelo caminho número 2 - não temos uma história sensacional, mas temos de bandeja como Mary Jane se sente ao descobrir que há uma vida completamente divertida e libertadora fora dos muros imaginários criados por sua família conservadora. E todas as dúvidas genuínas de uma adolescente são exploradas pela autora durante a história, sem transformar Mary Jane em uma pudica completa (os melhores momentos são quando a garota começa a se questionar se é uma viciada em sexo, sendo virgem!).
"Parte de estar vivo é descobrir o equilíbrio entre que você quer, o que você precisa e o que você tem; e o que você não quer, não precisa e não tem."
Confesso que nos momentos em que os personagens começavam a interagir cantando ou inventando músicas eu meio que fiz uma leitura dinâmica (tive 0 paciência mesmo, me desculpem), mas nada que tirasse estrelinhas do livro: Mary Jane é uma ótima leitura entre um livro pesado e outro, que nos transporta para os anos 1970 de uma maneira deliciosa, e também nos traz um saudosimo precioso de nossa própria juventude.
9 de fev. de 2024
Recentemente, aprendi na terapia a diferença entre solidão e solitude. Solidão é aquele sentimento que pode morar na gente mesmo no meio de uma multidão. Já a solitude é aquela sensação de prazer ao curtir a sua própria companhia, sem incômodo. E foi curtindo a minha solitude que fui ao cinema na minha própria cia assistir Pobres Criaturas (que coincidentemente, da última vez que fui ao cinema sozinha foi para assistir também um outro filme de Emma Stone).
Já faz um tempo que descobri o quão prazeiroso é fazer este tipo de programação. E honestamente, preciso repetir mais vezes. Para mim, o cinema sempre foi uma imersão na cabeça de quem criou aquela história, assim como os livros, e curtir esta experiência sozinha aumenta ainda mais as químicas do meu cérebro. Também não sei se esta sensação tenha sido causada pelo próprio filme - talvez seja um pouquinho dos dois.
E posso dizer que a total imersão assistindo Pobres Criaturas foi uma viagem fantástica, conduzida por um roteiro incrivelmente perspicaz, cores (e por um certo tempo, a ausência delas) em tons pastel para seduzir a sua atenção, e me arrisco a dizer que é também para te deixar confortável em meio as bizarrices que acontecerão ao longo da trama. Há um certo charme nos efeitos visuais, que caminham lado a lado com a trilha sonora na tentativa de te causar estranheza em meio ao conforto das cores, e assim você passa achar excentricamente fofo um buldogue com corpo de pato e um pato com corpo de cachorro passar na sua tela.
O trailer não te oferecer uma sinopse é um convite para a surpresa. Isso torna a experiência ainda mais gostosa, porque faz parte você acompanhar a evolução de Bella Bexter, a personagem interpretada (maravilhosamente bem) por Emma Stone, sem nenhuma expectativa. E trazer essa evolução para tela de forma lúdica é um prato cheio para esta imersão, porque transforma a história de um Frankestein em um conto de fadas empático. Aqui nos deparamos com uma criatura desprovida de hipocrisia, 100% literal, que não perde sua pureza nem diante dos prazeres, e que inconscientemente passa o filme todo fugindo de diversos tipos de castrações (figurativas ou literais), seja por seu comportamento "esquisito", seja por sua personalidade questionadora ou por machismo mesmo.
E enquanto estava eu ali sentada, curtindo o filme e minha solitude, reparei que Bella Bexter também conduz a história passeando pela solitude e solidão. Ela se rebela quando se sente sozinha em uma casa imensa, quando percebe que o mundo lá fora oferece muito além dos portões de sua casa, que é mais divertido desbravá-lo do que quebrar pratos durante o jantar. E ao explorá-lo, ela se apaixona por sua solitude, enquanto conhece pessoas sem se aprofundar em relacionamentos, enquanto estuda as reações humanas (muito diferentes das suas) de longe. Quando se depara pela primeira vez com a escassez e pobreza. Tudo isso faz parte da evolução dela, até chegar ao seu ápice, no fim do filme.
A estranheza dos personagens e do próprio espectador também surge ao conhecer os conflitos de Bella, mas que só se parecem com conflitos porque acreditamos fielmente que alguém desprovido de moralidade não seja capaz de sentir nada. Ao mesmo tempo que ela se sente grata por alguém que salvou a sua vida, também sente raiva por quem a aprisionou. O personagem Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo) não se conforma ao ver uma mulher sem apego emocional nenhum à ele, mesmo que ela demonstre total devoção à sua figura na cama. Mas está aí uma protagonista totalmente desembrulhada de todas as camadas finas de percepções que nós mesmos criamos na nossa cabeça sem ninguém ter pedido nada.
Quanto à ambientação totalmente desprendida de uma época, para mim foi um deboche maravilhoso da nossa cara. Seja no passado das mangas bufantes e arquitetura vitoriana, ou no presente/futuro dos carros voadores, nós evoluímos muito pouco moralmente, e isso com certeza é um prelúdio das próximas eras. Diferente de Bella, que evoluiu em duas horas de filme, provavelmente ainda estamos longe de enxergar o mundo como ele é verdadeiramente, desprendidos de nossas vaidades e egoísmo.
Esta resenha está disponível também de maneira bem reduzida em vídeo aqui e aqui.
8 de fev. de 2024
“Se todos os homens amassem suas esposas como eu amo Anne, seríamos um bando de inúteis. Ou talvez o mundo conhecesse a paz. Talvez as guerras acabassem e a luta cessasse, pois centraríamos nossa vida em amar e ser amados.”