Gita: Porque Eu traio, Tu trai e Ele trai?



O verbo trair nós conjugamos como se fosse dialeto, uma linguagem muito peculiar e quase particular... Mas pretendo, contudo, estabelecer um foco mais individualista, porque independente de quem se sinta traído, nossas vontades continuam sendo só nossas no perpétuo túmulo dos pensamentos. Mas prefiro dizer que estas vontades poderiam estar bem vivas, livres e perambulantes pelas ruas da vida. Como?

O mais santo dos homens, não tem seus pensamentos virgens, porque é fato que nossa mente não prevê satisfação o suficiente para amanhã. Mal sabemos do que gostamos! E quem se diz ser fiel e não trair – Sabe apenas do que não gosta, e se mesmo hoje, alguém despertar sua atenção, não será somente a sua visão e raciocínio que dirá que está diante de uma oportunidade para cometer a traição. Biologicamente e psicologicamente falando, muitos hormônios e algumas faltas de experiências, também irão dizer algo mais – Às vezes dizem mais do que queremos, mas enfim, sem compreender desejamos...

Amanhã, seu corpo e mente pode desejar o que não quis ontem, de repente, basta meio milhão de feromônios sentindo o odor irresistível de outro meio milhão de testosterona e... por causa de algumas dopaminas, seu cérebro começa a avisar todos os sentidos, de que está pronto para recomeçar a lei da atração. Só tem um ato capaz de parar tudo isso, e ainda é a escolha – Que para ser escolha – Precisou desejar e rejeitar. E é deste desejo que insisto em dizer...

Como se diz por aí, tudo tem seu preço – A traição também. Acho plausível alguém conseguir manter-se franco à todas possibilidades... Sei que é ponto de vista e uma escolha com muitos motivos. E geralmente estes motivos são embasados em confiança, admiração, estar amando e ser amado, são tantas as razões! Mas todas não passam de uma única certeza – Hoje.

Mas se ela mantém a condição de dialeto, ato transcrito somente em nossos pergaminhos de segredos, esta dita cuja palavra é personificada como um santo, porque reza por piedade, guarda com o próprio silêncio sua condição de penitente, enfim, tem-se em consciência, atitudes religiosamente educadas para não trair a si mesmo, depois de já ter traído (outro)?

Porque acredito que as vontades devam ser pagãs? Simplesmente porque vejo muitos casais sendo ateus com suas vontades. Um, acredita tanto na escolha do outro, que sua própria escolha também acaba condenada. Se escolhe trair, nunca ser traído. E só por isso, acredito que a traição deva ser para nós, dentro de nós, um servo pagão – E lá fora – deva ser um mito... Porque nos traímos por não dar ouvidos e sentido ao que nossas fervorosas vontades pedem e carecem. Diante de um desejo, antes mesmo de questioná-lo da onde surgiu, vejo pessoas tecendo uma teia de argumentos cabíveis a satisfação alheia.

Traição, necessariamente é um desejo – Passivo ou Ativo – Traição é uma palavra sujeita a compreensão, como qualquer outra, traição devia ser mito lá fora, porque ninguém sabe a desmedida ânsia dos teus mais ousados, descarados, insensatos ou sensatos desejos. Traição aqui dentro (nosso íntimo) seria menos antipática se fosse pagã, porque todo mundo sabe que somos feitos de instintos.

Somos unidades, e poderíamos ser unidades muito mais valiosas e felizes se nossas vontades fossem livres do tédio cerimonial que é uma escolha com destino de quatro paredes. E uma escolha te faz acreditar que até amanhã, tudo pode ser igual ou melhor que a sua condição hoje.

Traia a si mesmo de vez em quando... E descobrirá que a realização de suas vontades são tão necessárias quanto sua noção de razão. Uma vontade satisfeita equivale a uma verdade bem dita...

Julga-te apenas por quem deseja ser...
Porque estar – Já está condenado ao brejo de uma escolha.


2 comentários

  1. vc escreve muito bem, e de uma forma poeticamente racional. Gosteii.

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  2. Obaa! obrigado pelo elogio! desejo que sempre passe por aqui em nosso espaço, e que participe! bjos!

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