Ela não sabe de nada.


Ela sempre foi inoportuna e indecente. Se mostrava sempre capaz, decidida e independente. Mas, sem mais nem menos a vi na sarjeta. Curtindo a mais pura amargura, a qual nunca desejei que alguém vivesse.
Sua teimosia nunca a deixou perceber minhas reais intenções de querê-la bem. E nada que eu pudesse fazer de imediato a faria entender. Aliás, ela nunca me entendia, mas sempre fazia uma força para isso. Mas nossas conversas sempre foram intensas pela dialética, e sem ela perceber, tomava decisões se baseando nos causos que pra ela eu confidenciava.
Mas, o fato real que a deixou em tal condição muito me intrigava. Uma mulher tão independente sofrendo por amor não entrava na minha cabeça! E definitivamente o cara não era 1% merecedor de nenhuma lágrima da pior 'puta d'oeste' já vista em toda a história.
Se eu levasse o mesmo apelido acima, pensaria que seria 'muito bem feito à ela, quem mandou não amar a si mesma'. Mas não era isso que me ocorria. Eu sinceramente estava de coração partido, por vê-la fraquejar tanto à frente de algo que não foi inventado pra maltratar ninguém: o amor.
Se bem que, hoje eu vejo o quanto as pessoas confundem esse sentimento. Hoje, dizer 'eu te amo' virou 'bom dia'. Uma atração física, um fato nem tão consumado, uma gentileza ou uma ilusão de alguém que você transforma em objeto de adoração por ser algo que imaginou, e não o que é, vira AMOR assim, como em um piscar de olhos. Aí quando elas descobrem que o que elas imaginaram ser na verdade não é...hummm...a história vira uma tremenda novela mexicana.
E em meio a esses devaneios, ilusões e sentimentos conturbados, eis que surge a decepção. Sempre por causa do amor... ou talvez do desamor. Ou uma decepção gratuita, meramente...
Possivelmente ela viveu essa mesma situação. Mas, o fato dela se entregar e ainda bater na mesma tecla a deixava cada vez mais a beira do abismo que é a desilusão. E na medida desesperada em ser amada, ela se enganou que amava e concluiu que jamais se amaria dessa forma. Mas... como todas as vezes, ela ignorou a razão.
E quando menos esperei, lá estava ela, me pedindo pra dizer coisas que eu sabia que ela nem daria ouvidos, mas ela somente precisava escutar o quanto ela não sabia de nada. E eu, como sempre, não tive pudor em dizer-lhe a verdade, assim, nua e crua, como quem não se importasse com o que o receptor pudesse sentir, mas que na verdade, era algo dito com a mais pura preocupação. Mas passar a mão na cabeça não era a melhor solução. Era a pior maneira de dar um bilhete de metrô pra pessoa se jogar nos trilhos do trem. E sem que vocês possam entender, essa história infelizmente não tem fim.
Não tem fim porque ela ainda não quis. E respondeu passivamente a todos os insultos morais que alguém possa aceitar em receber. E mesmo depois de uma manifestação solidária a ela, ela continua sem mudar a sua condição. Berra ao mundo que está nessa. Se entrega a química ilusória que são os calmantes e antidepressivos. Fica feia, e mal acabada. Sim, porque nem pra se acabar perfeitamente ela prestou. Mas a resposta para isso, é que se acabar, definitivamente, não combina nada com ela.
Porque ela não sabe de nada.
JT, essa é pra você!

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