Bruna B. pt 4


Após aquela noite com Caio, fui percebendo que já era hora de parar aquele nosso caso. Não pensem vocês que eu tenho um coração de pedra, mas ali nunca houve sentimento forte para ter um relacionamento, ou talvez existisse mais nenhum dos dois estava pronto para vivê-lo. Mas não me preocupei em falar com ele sobre isso, nossa ligação era fora do comum na certa e ele também sentiria isso.
No outro sábado a gente combinou de nos encontrarmos. Confesso que essa rotina de shows não me cansava e eu sempre gostei de estar em lugares com muito barulho e cheio de pessoas, quer dizer, não era questão de gostar, mas eu tinha me acostumado, não me incomodava, entende?
Encontrei ele e daquela vez não era mais a mesma coisa, como eu disse, ele também sentiu que nosso tempo já havia chegado. Mas não falamos sobre isso, apenas nos permitimos aproveitar uma ultima noite juntos. Até tivemos nossa primeira briga - essa eu vou ter que contar.
Eu não suporto que me falem uma coisa e façam outra, e o Caio fez isso, da pra acreditar? Ele me disse que ia pegar algo no carro e já voltava. Fiquei tranqüila conversando com os amigos, passaram não alguns, mais muitos minutos e nada do Caio voltar, abandonei meus amigos e fui dar uma volta.
O que ele queria com aquilo? Não conseguia nem pensar direito porque a bebida já tinha tomado conta de mim, eu só conseguia xingá-lo a quatro ventos e dizer que não precisava dele – confesso que a cena era patética, imaginem uma bêbada andando sozinha de um lado pro outro reclamando de um casinho qualquer – nesse meio tempo encontrei Caio conversando com um amigo e mais uma menina.
Mais uma vez a bebida falou mais alto e eu fiquei com o que muitos chamam de ciúmes. Ciúmes de algo que nem era meu, mas enfim. Continuei andando. E uma hora ele passou por mim e disse: to indo pro carro.
Juro que naquela hora eu queria muito falar algo do tipo: mas não foi ainda? Mas nas minhas condições preferi fazer uma cara de merda. Logicamente ele percebeu e disse aquela frase chata de ouvir: depois a gente conversa.
Enquanto ele estava no tal carro, que devia estar estacionado no Alasca devido a demora dele, minha mente embriagada funcionava a mil por hora. Pensei em acabar tudo daquele jeito mesmo, nunca mais falaria com ele e pronto. Mas eu gostava dele, ele era uma pessoa divertida, logo decidi apenas fazer um charme e aceitar as desculpas que ele pediria, ficar com ele mais alguns minutos e ai sim deixar pra trás esse nosso caso. E foi o que aconteceu.
Quando ele voltou pegou em minhas mãos, e perguntou porque eu estava brava, o pouco que eu me lembro da conversa é isso:
- Ah Caio, aonde você falou que ia pra mim? – com voz de brava (e bêbada).
- No carro, e foi onde eu fui.
- Foi depois de eu te encontrar conversando com uma menina – ignorei o amigo totalmente, adoro dramatizar as coisas.
- Mas eu tava com o Ted, tava tentando arrumar a menina pra ele – essas palavras entraram por um ouvido e saíram por outro.
Virei meu rosto e o interrompi:
- Meu, a gente não tem nada, da pra entender? Se você enjoou de mim é só falar, e pode ficar com quem você quiser, mas me avisa né? Se não eu ia estar com meus amigos até agora, em pé e de salto com o pé todo dolorido, e você ao invés de estar no carro vai estar dando uns pegas em outra menina. – eu dizia tudo isso olhando pra multidão e com voz de irritada, mas com uma tremenda vontade de rir.
Quando terminei de jogar essas palavras senti uma mão tocar meu rosto e o erguer, me encontrei olhando dentro dos olhos de Caio, aqueles olhos azuis que eram capazes de hipnotizar qualquer um. E então ele disse com a maior firmeza do mundo:
- Eu não quero as outras, e eu não queria ter feito isso, me desculpe, vamos tentar de novo? Me dê uma segunda chance?
Nesse momento, eu fiquei dopada por aqueles olhos, aquela voz e aquele menino. Eu não entendi, parecia que a gente não iria se apegar e o que ele quis dizer com tentar de novo? O que seria a segunda chance? Ele estaria tão bêbado quando eu? Ou estaria dramatizando ainda mais as coisas? Perdi o rumo, e não voltei tão cedo, porque enquanto eu pensava e questionava seus lábios tocaram os meus novamente, e de todos os beijos aquele foi o mais intimo, eu podia sentir meu coração pulsar mais forte e minha alma ficar mais calma e leve.

Continua...

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