O dia que a criança contestou os marmanjos


Hoje estava eu passeando pelo feed de meu Facebook e encontrei uma matéria irrelevante de um jornal renomado de São Paulo sobre a contagem de votos do BBB. Eu não cheguei a abrir o link da matéria, pois o que me chamou mesmo a atenção foi o comentário de uma menina que aparentava ter menos de 15 anos. Ao longo de uma enxurrada de críticas à quem assiste o programa, a menina saiu em (sua) defesa dizendo (com suas palavras) que não entendia porque algo que era uma questão de gosto se tornava um pré-julgamento à quem assiste. E não é que ela tinha razão?
Me passou uma série de conclusões em minha cabeça, num flash absurdo de rápido, ainda dividido em tópicos:

- Cerca de 95% dos comentaristas daquele tópico nem sequer falavam sobre o assunto abordado na matéria;
- Estimo que destes 95%, somente 1% não ofendia pessoas que nem sequer imagina como seja o rosto;
- A garota, apesar da pouca vivência, sabia muito mais o sentido de respeito do que qualquer outro adulto que a chamou de imbecil gratuitamente, dando um baile de educação em cima de muito marmanjo ali;
- A principal delas, a qual vou me prolongar agora, é a questão de como as pessoas perderam um pouco a mão na internet. Vamos fazer de conta que essa situação que mencionei estivesse sendo debatida por um grupo formado por pessoas de diversas idades, sei lá, em uma praça. Quantas delas chamariam a menina de imbecil por ter um gosto contrário dos demais? 
Independentemente da menina gostar de assistir Big Brother, ouvir Mozart e preferir a cor amarela, ela não se torna uma imbecil porque não gosta das mesmas coisas que o outro que gosta de assistir o telejornal, ouve Anitta e prefere vermelho. Hoje as pessoas se aproveitam do conforto e (quase) anonimato que é estar sentado no sofá diante de um smartphone ou notebook para descartar pessoas, suas histórias, seus conhecimentos e seus gostos para simplesmente julgar tudo e todos. Temos o maior tribunal virtual da história, que é uma mídia social criada para unir as pessoas, e o que estamos fazendo é o contrário disso. Debates infinitos e sem fundamento são sempre gerados e regados à muita hostilidade e ofensas, o que possivelmente não aconteceria de forma tão calorosa com grande parte dos envolvidos se fosse discutido pessoalmente.
Ao meu ver, o diagnóstico disso é muito claro e simples: a falta da tão necessária educação. Quando nós passeamos pela vizinhança com as mãos nos bolsos e chutando pedrinhas, não costumamos sair metendo o dedo na conversa de quem está na calçada, não é mesmo? E quando estamos em uma roda de amigos, ou em uma festa conversando com alguns desconhecidos, não descemos do salto porque alguém não concorda com o nosso ponto de vista... porque na internet tem que ser diferente disso? Pra viver em sociedade na vida real e na santa paz de Deus abstraímos diversas coisas, e isso tem um outro nome em nossa vida virtual, e chamamos ela de BARRA DE ROLAGEM.



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