Fim de copa, enfim 31


No ano passado, escrevi um texto inspirado sobre como era chegar a fase balzaquiana da vida. Foi um ano estranho, um pouco solitário e não pude comemorar ao lado dos meus amigos e família, como esperado, porque estava há quilômetros de distância de cada um deles. Mas ainda bem que tenho ao meu lado um cara muito especial, que me deu uma noite bem romântica, pra amenizar um pouco a saudade que sentíamos daqui.
Passado um ano e a saudade de todo mundo foi matada. Voltamos de uma jornada de 7 meses de 'quase isolamento' com uma bagagem pesadíssima de aprendizado. E amadurecemos muito também. Incrível como em menos de um ano muita coisa pode acontecer e mudar, né?
Ontem cheguei aos 31. Um dia de final de copa, e mesmo que o Brasil não tenha chegado até o fim, não foi motivo para não festejar. Se os nossos planos foram modificados na tenra noite do dia 8 com a dolorosa goleada da Alemanha, foi só pra decidir qual time a gente ia torcer: pelos simpáticos responsáveis por nossa eliminação mesmo. Alguns por entrarem na onda da rivalidade entre os hermanos e os tupiniquins, outros por agradecimento mesmo, aos caras que chegaram aqui esbanjando simpatia, construíram o próprio centro de treinamento e concentração, geraram empregos, doaram dinheiro e a construção que fizeram para ajudar quem mais precisa, e ainda por cima, foram respeitosos ao nosso povo em todo o tempo que estiveram por aqui.
E por alguns instantes me esqueci que estava aniversariando. Quem me lembrava eram as pessoas incríveis que foram chegando no decorrer do dia. Não, não era um churrasco de fim de copa... as pessoas não estavam ali pela Alemanha... estavam por minha causa! Que delícia! E os sete meses sentindo saudades de toda essa gente que me trouxe alegria ontem foram altamente pagos pelo cara lá de cima com a melhor energia do mundo. Me senti coletivamente abraçada, e me dei conta o quanto sou rica por ter tanta gente do bem ao meu lado, que vieram por espontânea vontade me dar um abraço. Triste deve ser a pessoa que não tem a oportunidade de sentir isso.
Pensando nisso, posso concluir que do 30 para o 31, senti a essência da amizade bem dentro do meu coração. Pode parecer sentimental demais, mas o que esperar de uma canceriana que faz jus ao signo? A amizade não é necessariamente aquela que você fala o tempo todo o quanto é importante, linda, perfeita, que ama, que adora e que não vive sem. A amizade certamente está naquele abraço inesperado, na presença quase por osmose, porque teu sentimento pede para estar ali, é o falar e ouvir, é o querer bem em qualquer lugar do mundo, é estar perto mesmo longe. Aprendi que amizade não é monólogo, não é cobrança, não é querer que a outra pessoa seja como você quer, e sim respeitar como ela já é antes mesmo de você a conhecer. É além da afinidade. Com certeza a amizade é muito mais sentida do que desejada, e quanto mais natural, mais essencial.
Obrigada à todos que fizeram deste meu ano, muito muito especial. Não só os amigos que me escolheram, mas também a minha família, os amigos que Deus me deu, os presentes e os ausentes, que tenho a certeza que me mandaram as melhores vibrações mesmo de longe. Eu amo vocês de verdade, dentro da individualidade e essência de cada um.

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