Gita: O filme é Um Sonho Possível mas e a moral?

Eu sei que o filme já passou faz tempo, que todo mundo já viu (e se não viu, vale a pena ver) e cá estou para falar não sobre crítica, mas a moral. Sabe aquela história que você assiste e quando acaba, deixa uma sensação amistosa de que você aprendeu mil coisas em duas horas? É claro que só deu para aprender algumas lições básicas de princípios mas a relatividade do que se é capaz de assimilar com a mensagem, é impressionante. Basicamente o enredo é simples: o adolescente Michael Oher (Quinton Aaron) sobrevive sozinho, vivendo como um sem-teto, quando é encontrado na rua por Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock). Depois ela insiste que Big Mike passe uma noite na casa da família e logo passa a morar com os Tuohy. Diante de vários contrastes pela convivência, Leigh começa a tratar de ajudá-lo a desenvolver sua auto-estima, e também de potencializar seu talento pelo futebol americano paralelo aos estudos. Vivendo no novo ambiente, o adolescente tem de encarar outros desafios. E à medida que a família ajuda Michael a desenvolver todo o seu potencial, a presença de Michael na vida da família Tuohy conduz todos por uma jornada de autodescoberta.



Não sei quem já assistiu o filme, mas muito além da sensibilização, o que realmente me emocionou foi pensar no fato de que, uma pessoa, tentando sobreviver ao caos, sempre rodeada de eminentes situações desgraçadas desde que nasceu, ver a justiça ser deturpada por pessoas desequilibradas, e mesmo assim, ser capaz de ter dentro de si a concepção de que qualquer pessoa tem o direito a proteção, ao amor incondicional...

O filme induz inocentemente que Big Mike pode ser quase um doente mental, enquanto que a psicologia salva o personagem com a justificativa de ser fechado, quieto e inerte aos outros pelo instinto de proteção. Ou seja, apesar de tanto sofrimento, de ter visto e vivido várias tragédias, por defesa o adolescente se mantém calado, afoito a todos de modo que não pede ajuda, espera ser ajudado, vivendo como se cada dia fosse o último de sua vida.



Achei intrigante o fato de existir bondade dentro de alguém que podia desistir e continuar sobrevivendo à margem da vida comum, porém colocando as verdades do filme para a realidade, percebi que hoje nos falta e muito o instinto de proteção. Dentro da nossa família é normal isso, mas e lá fora? Que fraternidade existe de fato? Conheço muitas pessoas que participam de trabalhos voluntários, que doam dinheiro ou uma vez por mês visitam OnGs, doam sangue, dá moedas a um mendigo... Ri para um menino de rua na esperança de que ele entenda a sua posição de mais uma peça no xadrez na sociedade. Mas nada disso, reflete obrigatóriamente os teus princípios.

A questão de serem cristãos no filme conduz ao telespectador o fundo de moral daquela famíla (que é real) e assim está pronto da onde veio tamanha bondade. Eu vi que até mesmo na bondade existe loucura, como se diz por ai, loucura santa. Para amar o próximo, não é preciso uma religião, basta fazer da sua capacidade de ajudar um ato voluntário.  Ah, mas a família é rica, cada um tinha tempo de cuidar do Big Mike, enfim, cada qual vai preencher as lacunas desta moral de forma que acredita e com base em princípios pré programados desde quando se tornou gente.

Eu só queria, com este texto, levantar a mão e dizer que eu vejo todos os dias um Big Mike na vida de alguém e que meus olhos se abrem para este universo a ponto de querer mudar algo. E mesmo que eu ainda não saiba como ajudar, deixo que um sentimento fraterno me guie, e que minha boca faça uso de palavras que reconfortem à quem queira ouvir. Perco alguns minutos da minha existência para tentar entender porque um ser humano vive como cachorro, bicho qualquer e mesmo assim, não culpa todos a seu redor e faz da própria vida uma mortalha ambulante. Conheço pessoas que reclamam de acordar cedo, de estar sofrendo com a rotina corrida de trabalhar e estudar (como eu) e mesmo assim quando vê outro ser humano lutando pelo direito de existir, acha aquilo injusto porém viável as vias de fato. Afinal de contas, quem é que vai julgar o que aquela pessoa fez para merecer aquilo? Alguém que sofre tanto, que é ignorado pela própria mãe, que não tem dignidade para os outros porque não tem a cor certa, a educação mínima, uma aparência de quem é válido para conviver em sociedade, poderia ser um ladrão, um zé ninguém, ou sentir em sua insignificância o direito da vingança e o que este alguém faz? Sente compaixão. Esquece o que lhe acontece em troco de proteção para ficar em paz na sua real condição de sobrevivente. Simplesmente aceita tudo, porque não tem mais nada a perder.



Um sonho possível é apenas um filme para mim, logo virão outros que irão saltar aos meus olhos e me fazer perceber pequenas verdades. Mas eu sei, que para aquela famíla real do filme e principalmente para o verdadeiro Big Mike, a moral existe como conquista, como exemplo. Só então eu percebo que perco muito tempo mal pensando e dizendo daqueles que me magoaram, me abandonaram, e que parte da loucura que tenho, é a melhor parte do que sou, porque quando faço muito esforço para esquecer tudo de ruim que tenha permitido ou não que me acontecesse, é quando faço menos questão de ser bondosa e simplesmente sou...


Moral do filme: Creditar pessoas de boa índole, que através dos princípios enrustidos nas suas atitudes e gestos solidários, conseguem ajudar o próximo a mudar sua vida. Por outro lado, a vítima das questões sociais que sobrevive aos traumas e se esforça mais ainda para continuar acreditando que o instinto de proteção é o sentimento mais simples de todos e o mais difícil de se ter, principalmente convivendo em um mundo pluralmente individualista.


E você? quando assiste um filme também se pergunta o quanto aquilo é válido para sua suas questões moralistas? Se gostou, compartilhe e curta com os amigos, aproveite e deixe seu comentário! E para não esquecer, um Parabéns especial ao querido amigo e comentarista quilométrico e assistente de assuntos aleatórios! Que seu dia seja como o PhD, cheio de novidades!



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