A noite acontecia lentamente. A lua iluminava como um holofote a Ășnica pessoa que havia naquele beco, perto de algumas latas de lixo abertas, com as mĂŁos apertando seus peitos.
Melissa estava amargurada, jĂĄ estava mais do que farta de tudo isso. Estava preparada para arremessar cada um de seus sonhos ali dentro e em seguida incendiar aquelas latas.
Ao tentar realizar o ato, algo segurou seus pulsos repentinamente. Ela pressionou suas mãos com força, deixando os sonhos recém-arrancados de seu peito presos entre seus dedos.
Seus olhos se moveram atĂ© encontrar os frĂgidos olhos azuis da moça desconhecida.
- NĂŁo faz isso - a estranha pediu.
- EntĂŁo me dĂȘ um motivo para continuar - respondeu Melissa de maneira desnecessariamente desafiadora, uma vez que a mulher nĂŁo parecia oferecer perigo algum.
- As possibilidades sĂŁo um bom motivo - tornou a falar a entranha.
- Que possibilidades?
- As boas possibilidades.
- E quanto Ă s mĂĄs?
- Elas sempre existem, mas sĂł virĂŁo quando vocĂȘ nĂŁo tentar.
Melissa relaxou as mĂŁos, ainda segurando seus sonhos com elas.
- Pode ser essa a razĂŁo pela qual estou tentando jogar meus sonhos fora. A falta de coragem para tentar, a incerteza de obter sucesso no que farei.
- E isso significa que vocĂȘ vai sempre agir assim? Desistir, deixar-se cair ao aproximar-se de cada dificuldade?
- NĂŁo, farei isso apenas com meus sonhos.
- E seus sonhos nĂŁo importam tanto?
- Sonhos sĂŁo o que acontecem enquanto estamos dormindo.
- Mas quando queremos trazer os sonhos para o nosso mundo cabe a nĂłs mesmos tornĂĄ-los reais.
Melissa pensou por alguns instantes, em seguida respondeu:
- Bem, na verdade importam sim. Mas nĂŁo sei como tratĂĄ-los e nem como realizĂĄ-los. Eles estĂŁo pesando na minha mente, obesos por eu os alimentar tanto...
- Sonhos precisam ser sustentados sem exageros, necessita-se saber a diferença entre o que Ă© real e irreal. Mas tambĂ©m hĂĄ neles a necessidade de realizaçÔes. O medo de nĂŁo conseguir realizar um sonho Ă© o motivo e a razĂŁo para que ele nĂŁo se realize. Esse pessimismo exagerado sĂł transforma o possĂvel em impossĂvel.
A voz da moça desvaneceu noite adentro.
O vento soprou como um uivo, as folhas voaram assustando os bichos que fuçavam o lixo caĂdo ao chĂŁo prĂłximo Ă s lixeiras.
A moça sumiu diante dos olhos de Melissa, deixando nela uma dĂșvida: iria valer a pena abrir mĂŁo dos seus sonhos?
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