pt final: Abrindo o cadeado


Após passar algumas semanas em boa companhia, lá estava eu rendida novamente. Mas dessa vez estava sendo muito bom. Sem inseguranças, sem constrangimentos, sem censuras por ser eu mesma... Parecia que tinha realmente encontrado alguém para me mostrar que toda aquela casca que tinha criado era totalmente desnecessária. Eu podia dizer o que pensava sem me sentir encadeada, me sentia 100% satisfeita em todos os sentidos e me via tolerável aos defeitos dele, assim como ele era com os meus. E nada, nada mesmo soava falso.
Algumas pessoas até me elogiaram. Disseram que estava mais sorridente e produzindo melhor no trabalho. Acho que a teoria do sexo bom que causa efeitos colaterais é real mesmo! E não era só o sexo, mas toda a química que fazia de tudo algo muito mais gostoso e natural do que tudo o que eu já tinha passado.
Olhando para trás percebo que a gente realmente se engana, acreditando que determinada coisa é o que nos faz bem, mesmo não se sentindo totalmente entregue ou crente à aquilo. É sério! Parem e pensem o quanto todos nós já passamos por relações desgastantes, tristes e sufocantes, quando na verdade nada disso é a essência de um relacionamento. E geralmente esses namoros duram eternidades, alguns se tornam até um casamento, e aquela guerra permanece judiando os dois, sem respeito um pelo outro, sempre cobrando por mudanças absurdas. Se essa tortura termina, (claro que ninguém percebe na cara que aquilo foi, na verdade, uma tremenda salvação!) a pessoa sofre, culpa um ao outro, passa um tempão querendo tocar o puteiro e se não aprendeu, cai no mesmo erro novamente. Assim como foi comigo...
Claro que comigo também aconteceu! Não vou ficar aqui pagando de vitimada da história. Vários relacionamentos furados fazem parte do meu histórico, e claro que também quis me namorar por um tempo. Mas precisei de tudo isso, de quebrar tantas as vezes a cara, pra aprender a reconhecer alguém que realmente me faria bem. Mas confesso que meu medo foi o pior inimigo desde o começo, porque ele dá uma ligeira "cegada" no nosso senso. E aproveitando esse espaço, essa respirada que o medo me permitiu ter, me toquei que nós mulheres SEMPRE colocamos em primeiro lugar a vida sentimental, sem se dar conta que ela só funciona direito quando todos os outros 'departamentos' da nossa vida estão nos eixos também. Aí conhecemos um cara e já pensamos se ele é o cara ideal pra passarmos o resto da vida, ou ele é só mais um que quer te comer.
Pra que isso?
Não dá pra conversar com alguém sem ter que premeditar o futuro?
"Rolar naturalmente" não pode fazer parte do pré-requisito antes de qualquer tortura interna?
Acho que esse novo relacionamento só deu certo realmente quando decidi parar de fazer drama! Quando deixei as coisas fluírem no seu devido tempo e sem paranoia. Porque deixei de esperar das pessoas para que eu pudesse ser surpreendida. E pode sim ter passado diversos homens diferentes, uns otários, outros especiais, outros que nem deveriam ter nascido, e aqueles que sumiram tarde, mas que cada um deles foram essenciais para que eu pudesse enxergar a diferença no novo que estava por vir.
E foi na noite que me dei conta de tudo isso, pensando deitada na minha cama, acariciando os pelinhos macios do pescoço de Boris que a campainha da minha casa tocou, e fui surpreendida por ele na minha porta me perguntando: "Você quer namorar comigo?"

Depois desse discurso todo, vocês acham que eu respondi o que?

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