Voltando ao novo rumo.



Segunda-feira. Dia que inicia os dias úteis da semana. Acordei com um humor diferenciado da condição da segunda - uma tremenda inútil. Nada me agradava ao me arrumar. Todas as roupas eram sem graça, meu cabelo de mau de mim; nem a maquiagem colaborava para melhorar a cara de bunda.
Fui trabalhar como se estivesse com ressaca moral. Prestei tanta atenção nas músicas que tocaram durante o percurso que nem reparei no cenário que me remetia a rotina de minha "segunda à sexta". Estava cansada da mesmice.
Mas... que mesmice? Há pouco tempo optei por ficar sozinha. No sentido sentimental, é claro. E por essa escolha, não tinha o direito de reclamar de nada, principalmente quando a frustração ou a carência batiam... E porque temos a péssima mania de lamentar quando estamos sozinhas? Ser solteira virou doença?
Passei o dia todo tentando controlar esses defeitos que me remoíam o tempo todo. No final do expediente me senti mais aliviada por saber que amanhã esse efeito já teria passado. Tudo tem a sua hora certa para chegar e o que é mais clichê me tirou o péssimo semblante: se não deu certo, é porque algo muito melhor ainda virá...
O fato é que temos o costume de achar que sabemos o que é melhor pra gente. E não é bem assim. Quando é pra ser, acontece com naturalidade, sem turbulências e saudavelmente. E isso se aplica a tudo na vida, não só ao amor. Por insistência de uma carência ou qualquer outra coisa que seja, insistimos em algo que a gente nem sente que faz tão bem assim, mas por medo de outra qualquer coisa, nos prendemos e transformamos tudo isso em um grande ciclo vicioso.
Depois do jantar, o passeio noturno com Boris foi tão agradável, que me vi na pele de uma bipolar naquele dia. Acordei virada no Jiraya, e finalizei o dia com o melhor humor que uma segunda pode proporcionar. Boris ia ao meu lado sem coleira, olhando para mim como se estivesse sorrindo. Eu, como sempre, mãos aos bolsos, prestando atenção no conforto dos meus pés dentro do tênis... dessa vez prestando atenção no caminho, nas pessoas. Até o céu estava bonito.
Pensei em metas: visitas à uma amiga diferente nos sábados a tarde... a primeira seria Gita, a nova grávida! A saudade era imensa por ela! E eu sempre imaginei que ela seria a primeira das minhas amigas a formar uma família. A minha a principio era Boris e eu... mas no tempo certo, as coisas iriam mudar.
A última meta que pensei foi: só vou pensar em sentimentos quando a pessoa que acredito não existir aparecer: com as virtudes que almejo, e com os defeitos na medida certa para a minha tolerância.




6 comentários

  1. “- Oi. Não quero parecer intelectual quando o assunto é intimista e é seu e não é de outro, embora possa se identificar. O que me deixa muito complicado no inicio destas linhas é a pergunta que você fez quanto à solteirice ser uma doença, ou uma anormalidade. Lacan previu a segregação no mundo pós-guerra; a princípio ele identificou com a seguinte premissa – O homem exige igualdade do outro, mais este insiste em se manifestar como nada igual, totalmente diferente do que se esperava. Com essa idéia a previsão de Lacan vem se confirmando, uma vez que as pessoas se sentem mais sozinhas e as pessoas estão mais separadas, cada qual no seu canto. Não vejo a solteirice como uma doença, até porque estou solteiro (não quero afirmar essa minha condição de doente do século – risos), mas tratando o assunto com o rigor que é preciso eu penso que a solidão pode nos dar um sentido, mesmo que a tristeza ou a melancólica chegue a bater diariamente. E essa bipolaridade da tristeza pela manhã, o contentamento no fim da tarde – muito me agrada, pois me remete ao cenário onde acontece o ato, no silêncio. E por ter vivido momentos como este, me perdoe à palavra se acaso minha pretensão lhe incomodar, de certa forma compartilho contigo de uma cumplicidade, e isso não é apenas fantástico como um consolo a tristeza da solidão.” Abraço e até breve.

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  2. Tuka, eu tive que retornar para satisfazer uma dúvida. Você escreve apenas aqui ou tem um Blog só seu? Eu tentei entrar pelo seu nome, mas não dá certo, diz que o perfil não pode ser visualizado. Abraço.

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  3. Tuka eu gostei muito daqui, mas não apenas daqui, mas do outro Blog também. Fico esperando atualização, mas enquanto isso eu ficarei vasculhando os textos anteriores, tudo bem? Abraço e até breve.

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  4. Bóris! Lembro-me de Bóris! =}
    *
    Também tenho mudanças de humor assim, oscilo e tiro o pior e o melhor de mim num único dia!!!
    *
    Amei a parte em reparar no conforto dos seus pés enqto passeava com Bóris... lindo! =)

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  5. Oiee....
    Adorei o texto! Tods temos dias em que "era melhor pular o dia"... rs...
    Mas a vida é assim... a vida segue em seu rumo!
    As vezes não entendemos algumas coisas que nos acontecem, mas se juntarmos tudo, com certeza teremos uma resposta....
    bj bj bj

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