cap, 9 - Efeito Madonna

Já era tarde quando decidi, com muita força, ir para casa... no dia seguinte teria que pegar no batente e provavelmente eu o encontraria no mesmo café de sempre. Ele me acompanhou até em casa, mas não achei legal convidá-lo para entrar - provavelmente ele aceitaria e eu me arrependeria no dia seguinte. Gosto das coisas caminhando devagar, no rumo certo...quando fazemos tudo com pressa sempre metemos os pés pelas mãos. A despedida no portão do meu prédio foi longa e intensa: ele sabia me olhar de uma forma que me desmontava feito playmobil; uma serenidade, misturado com desejo e pureza...
Tomei um banho demorado. Gostava de relaxar deixando a água cair nos meus cabelos curtos...não pratico isso sempre, já que água não deve ser desperdiçada, mas esporadicamente essa era a minha terapia. Procurei não pensar em nada dessa vez e me concentrei no barulho da água caindo em minha cabeça. Demorei pra pegar no sono e rolei na cama quase a madrugada inteira, o que me fez perder a hora no dia seguinte. Acabei nem passando no café e fui direto para o trabalho.
Cheguei 10 minutos atrasada em uma reunião tremendamente importante da revista em que trabalho. Fui informada que trabalharia em outra editoria por 6 meses, em outro bairro de São Paulo. Sou um pouco resistente à mudanças, mas seria uma nova experiência que me acrescentaria em muito. Só não poderia mais abrilhantar o meu café da manhã...
Perto do almoço ele me ligou. Tinha mil planos para nós dois para o final de semana. Perguntou sobre minha ausência no café e disse que estava com saudades. Estranhei absurdamente a dependência e apego que ele demonstrou sem disfarçar nada em nenhum momento - geralmente quem faz isso somos nós mulheres! Quando desliguei, não sabia se era bom ou ruim.
O dia passou tão rápido devido aos preparativos da minha mudança temporária que quando me dei conta já era a hora de ir embora. Beatles embalou meu caminho de volta pro meu canto, e me permiti não pensar na minha vida pessoal naquele momento - estava com preguiça! Meus saltos incomodavam meus dedinhos dos pés... dirigi descalça (a segunda imprudência informada nesse post). No semáforo fechado me peguei enrolando uma mecha de meus cabelos nos dedos, e um rapaz do carro ao lado acompanhava cada movimento das minhas mãos. Não me lembrava mais que eu podia chamar atenção, me senti desejada e isso me fazia bem... pensei em flertar com ele, mas o semáforo foi mais rápido. Voltei para a Terra quando meu celular vibrou no banco do passageiro - era ele, AGAIN.

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