A casa dos espíritos, de Isabel Allende

 



A casa dos espíritos é tanto uma emblemática saga familiar quanto um relato acerca de um período turbulento na história de um país latino-americano indefinido. Isabel Allende constrói um mundo conduzido pelos espíritos e o enche de habitantes expressivos e muito humanos, incluindo Esteban, o patriarca, um homem volátil e orgulhoso, cujo desejo por terra é lendário e que vive assombrado pela paixão tirânica que sente pela esposa que nunca pode ter por completo; Clara, a matriarca, evasiva e misteriosa, que prevê a tragédia familiar e molda o destino da casa e dos Trueba; Blanca, sua filha, de fala suave, mas rebelde, cujo amor chocante pelo filho do capataz de seu pai alimenta o eterno desprezo de Esteban, mesmo quando resulta na neta que ele tanto adora; e Alba, o fruto do amor proibido de Blanca, uma mulher ardente, obstinada e dotada de luminosa beleza.

As paixões, lutas e segredos da família Trueba abrangem três gerações e um século de transformações violentas, que culminaram em uma crise que levam o patriarca e sua amada neta para lados opostos das barricadas. Conhecido como obra-prima da literatura latino-americana, A casa dos espíritos apresenta uma narrativa instigante que costura passado, presente e futuro de maneira fluida e elegante. Isabel Allende nos presenteia com personagens ricos em emoção e detalhes bastantes minuciosos a respeito do universo que os rodeia. Um romance atemporal com toques de inspiração na família da própria autora, com certeza é uma obra que precisa estar na estante dos leitores.

Sinopse da editora


"Tal como no momento de vir ao mundo, ao morrer temos medo do desconhecido. Mas o medo é algo interior, que nada tem a ver com a realidade. Morrer é como nascer: apenas uma mudança". 

Tenho uma lembrança lá dos anos 1990, quando eu assistia repetidamente um filme com a minha mãe chamado “A casa dos espíritos”, em uma fita VHS que meu tio tinha de uma coleção da Folha de S. Paulo, e que era uma história que muito me comovia. Corta para esses dias eu conversando com a minha mãe sobre a leitura de “A casa dos espíritos” e ela que me lembrou que assistíamos a um filme com o mesmo nome. E para minha grata surpresa, quando decidimos revisitar o filme depois da nossa conversa, estrelado por Meryl Streep, Winona Ryder, Glenn Close, Antonio Banderas e Jeremy Irons, se tratava da mesma história.


cena do filme A casa dos espíritos

Na verdade não é exaaaatamente a mesma história, pois o filme enxugou as 4 gerações da família presentes no livro em uma geração só. Tudo o que Alba viveu no livro, na verdade foi vivido por Blanca no filme, e essa versão resumida se torna entendível quando temos uma história rica em detalhes minuciosos que precisa caber em um único filme. Todas as salpicadas de realismo mágico também foram deixadas de fora da versão no audiovisual, mas acredito que a série que será lançada pelo Prime Video em 2026 trará uma versão mais fiel a obra de Isabel Allende.


cena da série A casa dos espíritos, com estreia prevista para 2026, no Prime Video


E mesmo com tamanho resumão, o filme é tão bom quanto esse precioso livro.

Não imaginava que esta obra de estreia de Isabel Allende em 1982 se tornaria uma das obras mais marcantes na minha vida. Foi uma grata experiência esse tempo que tive junto a essa história, que não tive a menor pressa de terminar de ler. Amei a escrita da Allende (esse foi meu primeiro contato com a autora), e saber que tudo foi baseado em histórias sobre a própria família dela e que Alba é seu alterego tornou tudo mais especial ainda.

Amei como Allende adiciona pequenos spoilers na narrativa para nos prender ainda mais ao livro, como por exemplo, ela introduzir um novo personagem e dizer “mal sabia ele que seria o responsável por uma grande tragédia na família”… como depois disso a gente não sente vontade de devorar o livro até a tal tragédia finalmente chegar?

Acho que é inevitável não embarcar nesta leitura e reviver alguma memória da nossa própria família. E se o filme já tinha me feito criar um momento especial com minha mãe na minha infância, ler o livro depois de tantos anos fez com que eu sentisse uma imensa saudade dessa época maravilhosa, regado ainda com um show de aprendizado sobre a história política do Chile, envolto de uma grande fofoca de família com 3 gerações de mulheres fortes e inspiradoras.

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