Extermínio 3: o filme de zumbis que me fez chorar

 

Foto: IMDb


Você já viu um filme sobre zumbis que seja bonito? Pois bem, saiba que Extermínio, a evolução, conseguiu essa façanha. Mas antes de escrever sobre essa terceira obra da franquia, precisamos primeiro conversar sobre o primeiro deles, que com certeza foi um marco para esta categoria de filme na história do cinema, pois abriu portas para diversos outros filmes e séries usarem da mesma fórmula: aproximar mais o espectador e humanizar mais a história.

Se antes de 2002, ano em que Exterminio 1 foi lançado, assistíamos filmes sobre um apocalipse no qual as pessoas passavam o filme inteiro fugindo de mortos vivos lentos, foi no filme de Danny Boyle que vimos isso mudar. Além de adicionar velocidade nas pernas dos zumbis, o diretor utilizou de alguns recursos para trazer o espectador para mais perto da história, por identificação.

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A primeira característica adicionada no primeiro filme foi grava-lo todo com câmeras digitais, e não profissionais como estamos acostumados. Esse efeito “doméstico” nem era algo inédito na época, já que em 1999 o filme A Bruxa de Blair também usou do mesmo artifício. Mas a soma disso, com o roteiro de Alex Garland humanizando a história foram suficientes para marcarem Extermínio como algo diferente de tudo que já tinha sido lançado antes.

Muitos criticos de cinema dizem que The Walking Dead, The Last of Us e outras obras do gênero beberam muito desta fonte. Afinal de contas, deixaram de lado a fuga dos zumbis e incluiram o entendimento de como agiria a humanidade em meio a um colapso mundial. Em Extermínio 1 conhecemos o Jim, personagem interpretado por Cillian Murphy acordando em um hospital vazio. Ele caminha por um Londres totalmente vazia, e é através dos olhos dele que passamos a entender que toda a Inglaterra foi devastada pelo vírus da raiva. Isso por um acaso te lembrou aquela cena de Rick no primeiro episódio de The Walking Dead?

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E é no meio desse caos passivo agressivo que conhecemos a verdadeira face da humanidade, e como as pessoas agem realmente diante de uma calamidade. 

Depois de 5 anos da história de Jim , tivemos o lançamento de Extermínio 2, em 2007, mas esse não fez tanto sucesso quanto o primeiro da franquia, até mesmo porque Danny Boyle sequer se envolveu nesse assunto.

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Mas depois de mais de 20 anos, eis que ele resolveu se juntar com Alex Garland novamente para trazer para gente o Exterminio 3 - uma história 28 anos depois do fatídico dia em que Jim acordou sozinho naquele hospital. Neste filme a gente começa com a mesma tensão que o trailer nos apresentou: um monte de crianças fechadas em uma sala, assistindo Teletubbies enquanto o pau está torando porta afora. É uma introdução curta, para nos apresentar a Jimmy, um filho de pastor que sobrevive a um ataque ali no começo daquele apocalipse. Em seguida somos levados a história no presente, e vamos conhecer uma vila de sobreviventes, que vivem numa realidade analógica e longe de qualquer tipo de avanço tecnológico. Mas não é Jimmy que vive nessa ilha, e sim Jamie. 

Aqui então temos um trio importante para toda essa franquia: Jim, Jimmy e Jamie. Guarda isso pra você.

Neste recorte da história, Jamie vive com sua esposa enferma e com seu filho Spike, este que com apenas 12 anos está sendo preparado para ir pela primeira vez para o continente. Pai e filho vão aproveitar a maré baixa para que Spike veja pela primeira vez como é o mundo lá fora. 

Foto: IMDb



Nessa curta passagem, Spike vê de perto os perigos que até então ele, como uma criança, não havia ainda enxergado, mas também enxerga uma possibilidade de obter respostas para a doença da mãe. É aí que a história começa: um garotinho que sequer sabe se defender sozinho ainda, parte as escondidas em uma jornada com a mãe em busca de uma cura para a doença dela.

Mas se tratando de um filme de Danny Boyle, não espere que exterminio 3 seja uma história contada com simplicidade. Lembra quando eu disse que se trata de um filme bonito? Conte não só com locações que promovem fotografias maravilhosas, mas também com um roteiro que te leva a uma emoção extrema em um determinado ponto da trama, orquestrado pelo personagem de Ralph Fiennes.

Foto: IMDb



É um filme com inúmeras referências. Boyle adota aqui a mesma tática do primeiro, mas desta vez usando iphones 15 pro para gravar as cenas, e adiciona a dinâmica da história inúmeros cortes de cenas pipocando o tempo todo na tela, responsáveis por te deixar pensando no filme até mesmo uma semana depois, quando saca o que essas referências queriam te dizer. Há cenas, por exemplo, de arqueiros do filme Henrique V, de 1944, como uma referência de como aquela comunidade isolada na ilha sobrevive nos dias atuais. A própria cena de Teletubbies no início responderá muitas coisas nas cenas finais, que também dá abertura para o segundo filme, que tem lançamento previsto para janeiro de 2026. 

Foto: IMDb


Aliás, essa cena final, que não vou contextualizar muito, traz uma referência berrante a Jimmy Savile, uma figura muito popular na Inglaterra antes do Extermínio 1 ser lançado, mas que depois de sua morte, em 2011, foram descobertos centenas de crimes que o envolviam. Toda a sua influência, inclusive pós morte, pode ser encontrada em diferentes momentos, com o nome JIMMY escrito em uma casa abandonada, no corpo de um infectado, e certamente ditará o ritmo do segundo filme dessa nova trilogia.

Foto: The Times


O terceiro filme dessa nova trilogia ainda não foi gravado e depende do resultado das bilheterias deste dois primeiros para acontecer. Bora encher o cinema para fazer o Dany Boyle trabalhar mais um pouquinho?



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