35


Dias atrás fiz 35.
Carinha de 25, costas de 82.
Minha consciência ainda navega pela casa dos 20.
Mas muitas coisas já caminham para os fatídicos 40.
Nessa altura do campeonato, a gente já não se importa mais com muita coisa, e passa a valorizar o que antes parecia até inútil, como um canto confortável, pequenas metas batidas, pequenos prazeres realizados.
Antes eu não tinha muita paciência com coisas que hoje faço questão.
E não ligo mais para o que antes me magoava ao extremo.
Preservo momentos e pessoas que agregam amor e boas vibrações.
Dispenso com educação quem cria toxinas a ponto de sugar energia.
Energia essa que é tão valiosa e recompensadora renovar naquele tempinho curto que te sobrou depois do trabalho e antes de dormir.
Aquela bolsa incrível já não é mais tão desejada como um bom e confortável travesseiro. Este que acomodarei minha cabeça e minha consciência limpa.
Hoje eu procuro sorrir mais do que reclamar, e tento fazer quem eu amo sorrir também.
Ainda falo de problemas, mas com mais leveza. E também gosto de rir um pouco deles. Porque problemas sempre existirão, afinal de contas.
Sinto que aprendi tanto, mas ainda tenho tanto o que aprender. E ouvir, e sentir, e pensar...
As preocupações parecem que tomam uma forma menos dura. Continuam preocupantes, mas não tão densas como antes. Um dia se resolve.
Não aceito menos que um dia leve: se tenho insônia, vou ler. Se tenho fome, vou comer. Se tenho frio, vou me enrolar na coberta, se tenho preguiça, vou ver um filme, e se a preguiça for maior, maratono uma série. 
A louça pode esperar um pouco.
A dieta pode me dar uma trégua no final de semana.
Não tem lugar melhor que o conforto da minha casa. E alguns abraços de pessoas especiais também.
O trabalho é para me permitir viver, e não me tomar todo o tempo a ponto de só sobrar sobrevivência.
No dia de raiva eu vou bater um bolo.
Quando eu precisar me inspirar, vou me dar um tempo.
Se meu corpo reclamar, vou ficar na cama.
Tudo no seu tempo: filhos, comprar um apartamento, etc etc.
A regra aqui agora é clara e categórica: eu não me cobro mais, dou o que recebo, entrego o que posso.
E assim eu descobri que chegar aos 35 foi como se eu tivesse encontrado soluções simples para problemas comuns que eu não enxergava antes porque vivia mais o futuro do que o próprio presente.

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