Reciprocidade



Já reparou que muita gente desconhece que sentimento não é algo que força o outro alguém a ter? Não é algo que a gente impõe ao outro, nem compra, nem muito menos exige. Amar não é obrigação, é uma liberdade. 
Não digo isso somente me baseando em relacionamentos amorosos, mas também em amizades. Não podemos obrigar as pessoas a serem únicas nas nossas vidas em nenhuma dessas vertentes. Elas simplesmente são, e não importa o número de pessoas envolvidas. A amizade, quando é sincera, não divide peso com outra pessoa, porque há espaço para todo mundo nesse balanço, não é mesmo? Não teremos menos afeto do amigo se esse alguém compartilhar sua confiança também com outro amigo. Ou com um parceiro. Amizade não acaba por conta de um relacionamento novo, nem tão pouco por conta de outro amigo. Se acabar é porque não era amizade de verdade.
E falando em relacionamentos, há pessoas que impõem à outra coisas que eu definitivamente não entendo. Acham que namoro ou casamento é uma prisão sem chaves, um sufocamento diário, um molde da outra pessoa nas suas imposições e verdades. Não! Definitivamente não! Um relacionamento precisa ser leve, imperfeito - porque são nas imperfeições que tiramos muitas lições - e baseado em conquistas diárias, em afeto sincero, em carinho compartilhado e cumplicidade. E tudo isso só é conquistado de forma natural, não imposta. Ninguém vai te amar porque você mandou.
Vejo muitos envolvimentos afetuosos movidos à ciúmes descabidos, uma espécie de insegurança camuflada em autoritarismo, ou em uma forçação de barra para ser quem não é, para tentar se autoafirmar por puro medo de se sentir deslocado. Temos que ser amados por ser quem somos, não por forçar a ser algo que não condiz com a nossa personalidade. Ninguém consegue sustentar isso por muito tempo e a consequência é a mais desastrosa e dolorosa.
E no final das contas, isso também acaba se tornando um ciclo vicioso. As pessoas acabam se acostumando a tomar esse tipo de comportamento e desaprendem a viver de forma leve e verdadeira. Vivem com uma sombra escura na cabeça acreditando que ninguém gostaria de conhecer a sua verdadeira personalidade, ou que todas as pessoas a deixariam se não impor tanto as suas vontades. Que a pessoa nunca vai voltar se a deixar ir. Mas mal sabem elas o quão prazeiroso é assistir a volta de outrem por livre arbítrio, e não por obrigação. É delicioso dormir sabendo que existe a reciprocidade natural de alguém por você sem ter precisado bater o pé por isso.

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