Tudo é uma questão de tempo


Sabe quando um filme te transmite emoções e sinais, que talvez nem era intencional? Pois é... foi assim que me senti depois que assisti About Time (traduzido na versão brasileira para Questão de Tempo) e começarei este post falando um pouco da história:
Se você assistir o trailer, pode até achar que se trata de uma trama bobinha, pois mostra um viajante do tempo que herda tal 'poder' de seu pai, e descobre que é hereditário em cada filho homem da família. Tim (interpretado por Domhnall Gleeson) passa a tentar consertar os problemas de quem vive à sua volta e também conquistar o seu grande amor através de suas viagens.


Apesar do jeitinho apaixonante do desastrado e tímido personagem principal, é exatamente ele que nos passará a melhor mensagem de todas com uma grande delicadeza: que devemos viver cada dia da melhor forma possível. A rotina é uma coisa muito massante para todos nós, né? Mas ela pode se tornar menos cansativa se pudermos dar um tempero essencial à ela - a boa vontade.
Quantas e quantas vezes não acordamos em uma segunda como hoje, vamos nos arrastando para o trabalho, demoramos um tempão para dar de bom grado o primeiro bom dia (as vezes só sai na hora do boa tarde), desejamos desesperadamente a próxima sexta-feira e deixamos a osmose nos conduzir pelo resto do dia? Na corrida do dia a dia, deixamos de olhar pro lado, de conversar com quem nos rodeia, de dar um beijo no rosto (ou um selinho, se for seu parceiro ou parceira) e despejar um sorriso... porque mergulhamos no nosso egoísmo/preguiça/amanhã eu faço e apagamos a importância de exatamente tudo que faz parte da nossa vida.
Uma coisa que eu realmente tento entender (e não consigo) são as pessoas que se irritam quando alguém no ponto ou no próprio ônibus tentam aproximação com simpatia apenas para o tempo da viagem passar rapidinho (geralmente são pessoas idosas que não possuem uma grande intimidade com ipod e fones de ouvido). Talvez uma atenção da sua parte à essas pessoas faz com que elas ganhem o dia, e o mais legal de tudo é que você não precisou gastar nada com isso. Há pessoas que só desejam ser ouvidas. Há pessoas que só desejam conhecer uma pessoa por dia.
E nessa onda de se deixar levar por nosso mau humor ou preguiça social, a gente deixa também de conhecer uma pessoa por dia, ou de conhecer alguma história que fará muito sentido na nossa vida amanhã ou daqui 20 anos. A gente vive mais um dia arrastado, que somado ao próximo dia, o outro e o outro, passamos um ano inteiro vivendo dessa forma, sem sentir absolutamente nada, por obrigação e sem vontade. E cadê sentido nisso?


Aí realmente tudo é uma questão de tempo mesmo... é só uma questão de tempo perceber que você passou 10 anos da sua vida sem ter algo memorável pra contar. Que fez coisas automáticas por dias, meses e anos, e não se lembra de momentos tão simples e de grande importância à você. Eu mesma posso afirmar que grande parte da minha juventude foi assim, e hoje me arrependo amargamente de ter ligado o piloto automático por tantos anos e perdido a oportunidade de fazer a diferença para mim mesma, por me importar demais com o meu cansaço, com meus dias tristes... Será que um dia conseguirei correr atrás do prejuízo?

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