Tive diversos complexos habituais na minha adolescĂȘncia. Odiava meu nariz, achava meus joelhos enormes, e alĂ©m do mais, fui uma das milhares de meninas que odiava o prĂłprio cabelo (sim, para esse complexo eu dou razĂŁo pois eu era meio Hermione).
Confesso que até os meus 16 anos eu era uma menininha de mal com o espelho. Minhas amigas da escola eram, de longe, muito mais bonitas. Elas jå tinham seios formados, cinturinhas finas, coxas torneadas... e eu toda tåbua de passar. Nem preciso dizer que não chamava atenção nem dos meninos que tinham os mesmos complexos que eu. Pra completar meus dentes eram tortos, meus pais não tinham dinheiro pra bancar meu aparelho e eu usava óculos (naquela época usar óculos não era legal).
Com o passar do tempo, quando a maturidade foi batendo, a possibilidade de colocar um aparelho bateu em minha porta e os complexos foram passando, pude perceber o quanto a gente se cobra por conta da estĂ©tica. Lembro que atĂ© meu Ășltimo ano de colĂ©gio eu me tornei uma refĂ©m da chapinha, e essa tortura se estendeu atĂ© o momento que comecei a me aceitar como vim ao mundo. AĂ nĂŁo sei se os fios foram naturalmente domado com o tempo (ou com a tecnologia) ou se eu realmente aprendi a aceitĂĄ-los como eles sĂŁo de verdade. Claro, porque a lei Ă©: quem nasce com os cabelos enroladinhos quer esticar, e quem nasce com eles esticadinhos quer enrolar.
E vocĂȘs jĂĄ perceberam como uma barriguinha mais saltada tem o dom de acabar com o nosso bom humor? Basta tentar vestir aquela roupa que vocĂȘ planejou usar naquele evento bacana, ver que nĂŁo ficou como queria e pronto, uma guerra contra teu guarda-roupas foi iniciada! Aquelas curvas que vocĂȘ passou a adolescĂȘncia inteira desejando ter, passa a ser um problema dentro daquela calça ou saia que ficava Ăłtima quando mal se tinha bunda. AĂ jĂĄ nĂŁo Ă© a falta de curvas que te incomoda, nem os joelhos saltados, nem tĂŁo pouco o nariz que antes era grande, e agora orna com o resto do rosto. O seu incĂŽmodo hoje era o seu desejo de ontem.
Quando me dei conta, tinha criado outras frustraçÔes, mesmo tendo superado aquelas que me perseguiram durante a adolescĂȘncia: jĂĄ nĂŁo Ă© mais o nariz que incomoda, e sim aquela pancinha por ter passado anos comendo hambĂșrguer ao invĂ©s de salada. NĂŁo Ă© mais o cabelo rebelde, mas aquela celulite na bunda que ninguĂ©m nota, sĂł eu. Que os joelhos sĂŁo meros coadjuvantes no drama que Ă© lidar com a pele ressecada do rosto. E por ai segue uma infinidade de aspectos que trocamos por outro para odiar conforme a maturidade vai chegando.
E conforme vou me enchendo de culpa por ter abusado do refrigerante na adolescĂȘncia toda, tento lembrar que tudo isso nĂŁo passa de algo natural que 100 de 100 mulheres tem! Que aquela menina linda na capa da revista que vi na recepção do dentista nĂŁo tem nada disso porque photoshoparam o bumbum dela desumanamente e ela Ă© tĂŁo gente como a gente como qualquer mortal.
E quem nunca encontrou a gostosa da escola depois de anos no shopping toda judiada pelo tempo? E aquele gatinho que nem te dava bola e hoje estĂĄ com aquela barriga imensa de cerveja, com o umbigo que cabe uma bola de bilhar dentro? Sim, nosso ego sobe nas alturas quando vemos alguĂ©m que jĂĄ esteve melhor, estĂĄ pior do que a gente julga. E sim, sĂŁo julgamentos. A imperfeição do outro nĂŁo pode ser comparada com as suas, se nĂŁo vocĂȘ passa a viver em função dos outros. Seu objetivo Ă© perder a pança pra ter a mesma barriguinha negativa da Carolina Dieckman ou porque vocĂȘ se sente melhor sem ela? Quer meter uma progressiva no picumĂŁ porque o cabelo da vizinha Ă© lindo e liso ou porque vocĂȘ nĂŁo gosta dos seus fiozinhos rebeldes e sĂł?
TĂĄ meio difĂcil de entender onde quero chegar, nĂ©? Pera que vou parar com os rodeios:
Muitas vezes adotamos complexos por nos compararmos demais Ă s outras pessoas. Isso acontece muito quando somos adolescentes, porque vamos muito na onda e comparação de nossas amiguinhas. E isso Ă© involuntĂĄrio. Mas nĂŁo cabe a uma adulta prolongar isso, nĂŁo Ă© mesmo? EntĂŁo, se o complexo existe, primeiramente ele deve ser estudado, pra ver se nĂŁo Ă© uma exigĂȘncia comparativa ou porque vocĂȘ realmente estĂĄ incomodada em se ver assim. VocĂȘ precisa se sentir bem consigo mesma, sem pensar em ser outra pessoa. Porque vocĂȘ nasceu assim e ponto. Agora, se vocĂȘ acredita que abusou da comida, que o seu peso estĂĄ acima por descuido e merece mudar isso... parabĂ©ns! Seu complexo pode ter alguma justificativa plausĂvel. Sua preocupação com o seu bem estar tem muito mais a ver com os seus sentimentos por si mesma do que a opiniĂŁo alheia ou comparaçÔes com terceiros.
O lance de se aceitar passa a ser muito relativo quando vocĂȘ se cobra demais por algo que, no fundo, nem te incomoda tanto assim, e Ă© mais por receio do tal julgamento alheio mesmo. No meu caso, sempre me vi podendo comer de tudo e batalhando pra ganhar 2 quilos, e de repente, todo o sofrimento para engordar estourou de uma sĂł vez depois dos 30. AĂ o incĂŽmodo Ă© ter que mudar totalmente os hĂĄbitos, aqueles que passei a vida inteira exercendo, e que ironicamente se tornaram meus principais inimigos. Ă ter que deixar a preguiça e o sedentarismo de lado pra começar a praticar exercĂcios para queimar o que consumo a mais durante o dia. Logo, percebi que minha frustração tem muito mais a ver com a preocupação da minha saĂșde, bem estar e estĂ©tica, do quanto isso pode me prejudicar aos 60, 70 anos, do que 'o que vĂŁo falar de mim', de ser aceita pelas coleguinhas da escola, ou de chamar a atenção daquele carinha que estĂĄ um ano na sua frente no colĂ©gio. Ă querer melhorar onde eu mesma me prejudiquei, nĂŁo querer mudar o que jĂĄ tenho desde que nasci, sabe?
Por fim, acho muito bacana frisar que temos que ser como nos sentimos bem. Se vocĂȘ adquiriu alguns quilinhos e se olha no espelho se sentindo melhor que nunca, se aceite assim. Se acha que estĂĄ abusando muito do doce e precisa dar uma maneirada, Ăłtimo. VocĂȘ jĂĄ tem algo em que se apegar e mudar isso. O importante Ă© fazer por onde para ser como deseja ser ao invĂ©s de se lamentar, e nĂŁo ser o que o outro quer que vocĂȘ seja. Eu aprendi isso com o tempo, e aliĂĄs, tambĂ©m aprendi que posso nĂŁo ter a qualidade de muitas, mas tenho minhas prĂłprias qualidades que me fazem ser Ășnica, assim como vocĂȘ, nossas vizinhas, nossas amigas...
Minha lição maior sempre serå: se queira bem, seja o que te faz bem.
O lance de se aceitar passa a ser muito relativo quando vocĂȘ se cobra demais por algo que, no fundo, nem te incomoda tanto assim, e Ă© mais por receio do tal julgamento alheio mesmo. No meu caso, sempre me vi podendo comer de tudo e batalhando pra ganhar 2 quilos, e de repente, todo o sofrimento para engordar estourou de uma sĂł vez depois dos 30. AĂ o incĂŽmodo Ă© ter que mudar totalmente os hĂĄbitos, aqueles que passei a vida inteira exercendo, e que ironicamente se tornaram meus principais inimigos. Ă ter que deixar a preguiça e o sedentarismo de lado pra começar a praticar exercĂcios para queimar o que consumo a mais durante o dia. Logo, percebi que minha frustração tem muito mais a ver com a preocupação da minha saĂșde, bem estar e estĂ©tica, do quanto isso pode me prejudicar aos 60, 70 anos, do que 'o que vĂŁo falar de mim', de ser aceita pelas coleguinhas da escola, ou de chamar a atenção daquele carinha que estĂĄ um ano na sua frente no colĂ©gio. Ă querer melhorar onde eu mesma me prejudiquei, nĂŁo querer mudar o que jĂĄ tenho desde que nasci, sabe?
Por fim, acho muito bacana frisar que temos que ser como nos sentimos bem. Se vocĂȘ adquiriu alguns quilinhos e se olha no espelho se sentindo melhor que nunca, se aceite assim. Se acha que estĂĄ abusando muito do doce e precisa dar uma maneirada, Ăłtimo. VocĂȘ jĂĄ tem algo em que se apegar e mudar isso. O importante Ă© fazer por onde para ser como deseja ser ao invĂ©s de se lamentar, e nĂŁo ser o que o outro quer que vocĂȘ seja. Eu aprendi isso com o tempo, e aliĂĄs, tambĂ©m aprendi que posso nĂŁo ter a qualidade de muitas, mas tenho minhas prĂłprias qualidades que me fazem ser Ășnica, assim como vocĂȘ, nossas vizinhas, nossas amigas...
Minha lição maior sempre serå: se queira bem, seja o que te faz bem.
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