Poulain: Caixa


Ela realmente estava alucinada por uma embalagem, mal esparava a hora de abri-la. Era tão bem embrulhada, e foi oferecida com tantas promessas de amores, de dias felizes, e lealdade - ela realmente estava ansiosa por tudo aquilo, uma caixa grande, em um envelope vermelho, cor de sangue, com um laço branco em cima. Era bela, como uma visão de Paris na noite de reveillon.
Ela resolveu abrir-la, e deixar cada coisa linda penetrar por entre os poros. Abriu com tanto cuidado! A embalagem estava intacta, e quando a tampa foi retirada com ansiedade, ela descobriu a grande mentira: não havia nada daquilo que lhe foi vendido a preço tão caro.

Os dias passaram, e a caixa continuava no mesmo lugar, por dentro. o objeto tomava proporções menores, mas não saia do mesmo lugar. Então, foi quando ela levantou da cama, e deixou de olha-la na prateleira: 'vou ignora-la por tempo indeterminado'. A caixa não saia do lugar, e não mudou de tamanho - ela continuava ali, um pouco empoeirada, suja.
Algumas vezes antes de dormir, ela a observava e chorava, perdia o sono, ouvia músicas e dormia. No outro dia, ela acordava e pensava que tudo tinha passado; conseguia encarar aquele objeto e até debochar dele, vê-lo ali, parado e não toca-lo.

Era uma história comovente, com inicio, meio o fim.

Todo aquele drama foi deixado de lado e um certo dia, a caixa estava caída no chão do seu quarto, ao lado da sua cama, encostada na parede rosa bebê. Ela a observou durante minutos, sentou-se ao lado, encarou-a de cima com aqueles olhos verdes, a olhava com intensidade.
Uma das mãos pálidas pegou a embalagem e a depositou na prateleira. Sua proporção era a mesma, e os sentimentos pela tal caixa não haviam mudado; ela só tinha deixado de ser o centro das atenções.

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