Raquel Trajano: O tempo passa


Eu tento seguir em frente, mas algo sempre me traz o passado de volta...
Aquela música em inglês! Já tinha escutado alguma vez?
"Ela" fez a minha tarde paralizar. Entrei no Vaga-Lume pra ler a tradução e, muito além do acaso, a letra falava de mim.
Da carinhosa garota, num tempo em que o chão era de pedra, o céu era colorido e quando as rosas eram vermelhas.
Eu viajei para o passado, cheguei onde o mundo parou. Não tinha som.
Vi tanta coisa boa, tanta alegria e amor que senti saudade daquela antiga moça.
Ah, eu gostaria de trazê-la de volta. Lutar cansa, dentro deste labirinto vazio, neste caminho frio e cinzento que decidi seguir...
É inexplicável o motivo pelo qual doei a vida, o coração e alma para alguém estranho, do incompreensível universo masculino. Aquele cara que ainda não aprendi a deixar de amar. Fui com calma quando nos conhecemos, nunca criei ilusões pra nós dois. Era o pé no chão; pegava água com as mãos até nos sabermos um para o outro.
Descobri o amor por quere-lo tão bem. Por quero-lo e só. Por senti-lo, o meu Querido.
Fui tomada por notas musicais matematicamente perfeitas.
Continuava o som, clássico - como a nossa preferência musical.
E a voz do intérprete era das mais sensíveis como o nosso amor.
O desespero por saber-se sozinho, era dele... Essa agonia, esse medo, agora meus.
Chegava o refrão da vida, o motivo fatal que separa duas pessoas, a terceira pessoa: She.
Ela mesma. A mais atirada, a aventureira; A amiga casual, a divertida.
Aquela música me pegou às três da tarde, no escritório.
Procurou por alguém, a possibilidade do passado, mas nada encontrou.
Aquele cara voltou a ser estranho. Onde estaria o seu pensamento neste minuto?
O solo é areia, a tarde nublada, as paredes de vidro. O labirinto continua misterioso.
Sem flores. Um cheiro que não me lembra ninguém. O coração ora é rocha, inacessível, ora é papel, flexível.
Mais uma vez o refrão: Ela. Com o timbre e o compasso em harmonia.
Outra vez, o desespero por saber-se só. Acabava a música, fim da página.
Sons e letras, guitarra, percurssão... e eu aqui tentando decifrar "Ele".

Um comentário

  1. Olá Raquel,

    Adorei o texto,
    é de uma delicadeza muito peculiar,
    texto de grandes verdades, quando o nosso coração está triste por um sentimento abandonado a sorte da solidão, e ao azar do amor!

    Beijos e volte sempre!
    Gita Habiba

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