Juliana Trinci: Medo

Medo. 
Como pode uma palavra curtinha ser tão forte? 
Quando pequenos, o que nos amedrontava eram seres imaginários: Mula sem cabeça, monstros do armário, saci, bruxas... Com o tempo, já na adolescência, começamos a ter medo do sobrenatural, coisas de outro mundo, espíritos... Mesmo assim, ainda assistimos filmes de terror, de susto, para tentar afrontar o medo. 
Ei medo, vem cá, você não me assusta mais! 
Ledo engano! 
Com o passar dos anos o medo vai ficando mais próximo e palpável. Medo de fracassar na carreira. Medo de não conseguir pagar as contas. Medo de ser assaltado. Medo de perder alguém querido. Medo de contrair uma doença e não poder cuidar dos seus. Medo de engordar. Medo de emagrecer. Medo de claro. Medo de escuro. Medo, medo, medo, sempre ele. 
O medo é bom quando nos torna prudentes. Mas existem uma linha tênue entre ser prudente e paralisar. Prudência faz andar com seus pertences à vista no metrô. Quando você paralisa, para de sair de casa. Prudência faz você deixar seu curriculum bem atualizado, e sair bem preparada para uma entrevista de emprego concorridíssima. Com o medo, você simplesmente deixa de ir. Isso não é natural, mas este mundo caótico e imediatista que nos leva para este caminho. 
Precisamos pouco a pouco ir enfrentando os medos que nos brecam e nos deixam estagnados. Delicadamente, tão sutil quando ele aparece, o medo, aparece, um passo de cada vez. Vamos viver a vida com prudência sim. Mas sem bloqueios.

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