Gita: Amok, um adorável psicopata juvenil



A arte é como corte de cabelo. Cada um tem o seu gosto, e faz sucesso aquele que está na moda. Meu ponto de vista pode estar equivocado, mas se tem um tipo de arte que facilmente faz a cabeça das pessoas, são as charges. Quadrinhos que não se privam de humor e moralidade.

Mas um em especial tem o meu gosto porque sabota a condição humana, principalmente naquilo em que somos falhos. AMOK, é um ser das trevas bem pessimista... ou realista, dependerá do seu ponto de vista, claro. A inspiração de Benett, vem de livros como O apanhador do campo de centeio, por exemplo (1951), mas diga-se de passagem, que ainda é referência das loucuras adolescentes como "cultura jovem".

Mas a missão de Amok é o oposto do que a sociedade nos impõe a primeira vista, ou seja, é não ter compromisso racional com sentimentos como o otimismo, compaixão... Todo jovem sabe que ao contrário das manias de adulto, nem tudo está obrigatoriamente a espera de um final justo e feliz, então digamos que Amok, a caveira que veste um moletom de gorrinho, não pode ser levada a sério, como fazem os adolescentes com assuntos fantasiados por demasiadas esperanças.





Gosto do autor e seu jeito de questionar a claustrofobia das relações atuais. Nada parece mais racional, do que o desapego ao resultado de tudo o que fazemos para dar certo. E se der errado? E se sofrer? E se tudo acabar hoje? São questionamentos de convívio, coexistência, sempre com um tiro no meio da dúvida.

Li um artigo da Revista Galileu, A Era da auto destruição, que alerta lucidamente sobre a taxa de suicídios entre jovens que procuram a fuga do sofrimento, perfeccionismo, do excesso de cobranças da sociedade e principalmente dos próprios pais, para ser alguém excepcional nessa vida. Cito tal reportagem, porque o suicídio, a depressão, fazem parte de uma epidemia silenciosa, e que são percebidas diante de manifestações que exigem mais sensibilidade do que julgamento dos atos destes adolescentes... E charges desse gênero, que falam da bestialidade humana sem censura, deixa claro que somos muitos fúteis e vagos quando na verdade, queremos ser individualistas e melhores do que os outros.

Amok e seu jeito solitário de condenar a futilidade, alivia a dor de pensar... Porque dói ter que tomar uma dose diária de otimismo, sem acreditar que essa é a melhor virtude de todo mundo.

Veja o livro de Tirinhas de Benett -  Amok - Cabeça, tronco e Membros e se contagie com a simpatia irônica desse ser das trevas que representa o temperamento de muitos jovens.

E você? Curte arte, ilustrações, charges? Tem dicas de leitura? Então compartilhe com a gente o seu preferido! Beijos turma!


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