Sara Richena: Gravidez surpresa



Gabriela Garcia F. Martins e sua história

O Começo. 

Poucos meses de namoro, um relacionamento tranquilo e sério. Desde o começo conversamos sobre o que queríamos, e os dois estavam marcados por sofrimentos e decepções dos últimos relacionamentos. Decidimos que queríamos a mesma coisa: namorar e ser feliz. Foi no início e foi o mais importante e que perdura até hoje. Desde o começo já falávamos de ficar juntos sem nos sacanear, sermos sinceros e companheiros. Falávamos em ficar juntos para sempre como todo casal apaixonado, porém com o pezinho no chão e duas bagagens emocionais de pais separados. Era isso que não queríamos: acabar como nossos pais, criando os filhos separadamente, cada um ao seu modo. 

A Notícia. 

Um atraso e o pânico se instalou. Cinco dias se passaram e nada. Um teste de farmácia e um positivo. Uma auto confiança que dizia que “o teste estava errado”. Sabe aquela primeira reação de negação? Então. Um segundo teste de sangue deu positivo e acusava oito semanas e meia. Mas este positivo não veio escrito em caixa alta num papel completamente branco. Veio um número que era tipo assim: 17.510 e abaixo uma tabela muito confusa. Lemos por uma hora e no fim entendemos: era positivo mesmo. 
E o pavor chegou. Choramos a tarde inteira. O desespero tomou conta. Confesso que cogitei sim tirar e ele proibiu. Encontramos a minha melhor amiga naquela noite para contar a notícia. Precisávamos de alguma palavra de conforto. A resposta dela: é lógico que você vai abortar, né?! A revolta por parte dele e o desespero da amiga em ver a futura mãe em um beco sem saída. O segundo amigo abraçou, deu parabéns, desejou boa sorte e um maravilhoso “conte comigo, estou aqui para o que precisar”. Era exatamente esse o conforto que esperávamos. Uma semana passou e não falamos para mais ninguém, era nosso segredo até quando desse pra guardar (não durou muito mesmo). Ele contou a sua mãe e mais desespero. Ele estava desempregado. Eu experimentava minhas roupas e tudo já começava a ficar muito justo e desconfortável. 
Os enjôos eram parte do dia e da noite, não davam folga. Duas semanas passaram e contei a minha mãe. "Eu já sabia, quando você chegou e experimentou o seu guarda roupa todo peguei a noticia no ar, conte comigo", foi a resposta dela. Ufa! Foi mais fácil que eu imaginava.

A segunda pessoa mais importante para saber dessa notícia era a nova chefe. Eu havia acabado de ser contratada e estava em período de experiência, ou seja, poderia ser mandada embora a qualquer momento. Mais despespero: grávida e sem emprego, namorado sem emprego. O que vai ser da gente? Contei a notícia e a reção dela foi "é, fazer o quê? Meus parabéns!". E ela ficou comigo num súbito ato que salvou a minha vida de tal forma.

A gravidez em si.

Os enjôos eram pra parar aos três meses. Nada. Aos quatro. Nada. E assim foi até duas semanas antes do nascimento. A barriga cresce, os seios também, as coxas e todo o resto... (risos). É difícil lidar com isso, pois eu pesava 53 kg. Cheguei no fim com 72kg! Até os cinco meses e meio era Nicolas, o nosso menino. Depois do terceiro ultrassom, muita água gelada, caminhada e chocolate para animar o bebê a ficar numa posição que conseguíssemos ver o sexo. UMA MENINA! Sim, era uma menina e não o Nicolas que estávamos esperando. E agora? Planejamos por três meses como seria o nosso menino, tudo foi por água abaixo. Eu fiquei decepcionada, sempre imaginei que teria um menino. Tudo bem, refizemos tudo. Novo nome, novos sonhos. Mariana - achamos o nome perfeito para a nossa menina. Cogitamos Beatriz, Valentina, Mariana e Bianca, e num sorteio a Mari foi escolhida. Agora nosso novo sonho tinha nome e cores definidas; eu queria tudo roxo e rosa. E assim foi, do chá de bebê ao enxoval. Tudo com muita dificuldade. 
O Patrick fazia o que podia, trabalhava de roadie madrugadas adentro e eu em casa aflita com um barrigão de sete meses. Ganhamos muitos presentes que nos ajudaram enormemente. Ah, eu lia tudo que encontrava sobre gravidez e bebês, estou quase uma especialista... uma amiga já me sugeriu até dar palestras a mães adolescentes.


O pai.

Ele já era incrível desde o início, enquanto eu achava que minha vida estava acabando, ele via a nossa vida começando juntos. Enquanto eu chorava, ele sonhava e levava tudo numa naturalidade incrível. Foi o meu suporte, a minha força, o meu amor. Só tenho que agradecê-lo por ser tão maravilhoso desde o início. Foi em TODAS as consultas do pré natal, ouviu cada conselho médico, escutou cada batimento do coração. Segurou minha mão e me confortou em todas as situações difíceis, tais como vomitar muito a todo tempo, enjoar do perfume dele, exigir Pringles de madrugada em pleno feriado. Nos desentendemos várias vezes e nos entendemos mais ainda para fazer tudo funcionar direitinho até a Mari chegar. Ele queria participar do parto, mas o Brasil “um país de todos” não permite acompanhantes homens nas salas de hospitais públicos. No meu caso não permitia nenhuma pessoa acompanhante.

O parto.

Normal, doloroso como tem que ser. Difícil e cansativo. Doze horas de trabalho de parto. Sozinha. 
Às dez da manhã conheci a Mari, a cara do pai! Eu estava meio tonta ainda do parto, mal conseguia segurá-la nos braços. Ela era normal e perfeita, saudável, linda. O maior e melhor presente do mundo. O amor não é instantâneo, acho que o pavor e o medo de cuidar de uma pessoa que você não conhece e não sabe o que fazer é muito maior. Tinha pavor de ficar sozinha com a Mari. Amamentar não era tão fácil como nos filmes e novelas, ela queria mamar mas não sabia sugar, os seios estavam muito grandes e rígidos para ela. E lá fomos ao banco de leite para esvaziar o estoque e ela conseguir se alimentar. Nesse ponto eu já estava machucada e dolorida e só queria dormir. Três noites sozinhas com ela no hospital, não dormia... andava pra lá e prá cá no corredor, rezando pra Mari dormir.

A vida mudou.

O cansaço era rotina, uma noite inteira de sono virou extrema raridade. Fraldas e mais fraldas vazadas, almoçar correndo, tomar banho correndo. Cheirar a leite sempre, mesmo após o banho.
A Mari desde o início sempre foi muito esperta e inteligente. Não dava trabalho propriamente dito de menino danado, só o trabalho normal de mamar o tempo todo, não dormir muito, querer ficar no colo. Foi difícil aceitar que eu não podia mais ir para onde quisesse, minha sonhada faculdade estaria adiada por mais uns anos, e ela dependeria de mim por muito tempo ainda. Até hoje não é fácil. Saí da casa da minha sogra, tive que readaptar a uma nova rotina muito mais cansativa, colocar a Mari em uma creche, acostumar a distância do namorado. Que até então ainda era namorado. Cogitamos comprar um apartamento e ganhamos do corretor o casamento no civil. Foi muita felicidade atrelada a uma crise de mudanças bruscas. Adoecemos os três. Nos casamos com uma festa simples e com muita dificuldade, sempre juntos e sempre lutando muito. 
Mariana completou um ano. Foi um ano atribulado, difícil, com muito amor a flor da pele, muitos sorrisos, muito companheirismo. Tenho certeza que eu e o Patrick crescemos muitos anos em um único só. Aprendemos que filho é tudo. E é isso. Ela é o nosso tudo. Ela é o nosso objetivo. Ela é quem nós queremos fazer feliz. Aprendemos a nos deixar um pouco de lado, conciliar tudo novamente, refazer minha vida em torno dela. Ela é a alegria, ela é o amor em pessoa. E por incrível que pareça é um bebê extremamente carinhoso, todos a amam e fazem questão da presença dela. Ela é o meu melhor. Cada sorriso, cada colherada de papinha de sucesso, cada gesto correto vale tudo o que passamos. Vale tudo o que ainda vamos enfrentar. 
Os problemas não acabaram, sempre existirão. Nós que enfrentamos com outros olhos. Ainda ficamos doentes frequentemente, a imunidade abaixa com muita facilidade. Mas vamos aprendendo com o tempo juntos como podemos melhorar.


Tenho duas pessoas essencialmente incríveis na minha vida e que não sei mais viver sem: Mariana e Patrick. 

Daiane Silva



Com 15 anos me encontrei em uma situação muito difícil: menstruação atrasada. Ai veio o desespero, medo, angústia, e por fim a confirmação: eu estava GRÁVIDA! A repercussão da noticia não foi muito boa na minha família, fui muito criticada, julgada e poucos estavam do lado. No primeiro momento achei tudo lindo, mas nem imaginava as dificuldades que iria enfrentar. Meu namorado que hoje é o meu marido sempre esteve ao lado, enfrentamos todas as dificuldades juntos. Os primeiros meses foram ótimos, aquela sensação de você ter liberdade, de ter responsabilidade pelo seus atos. Apesar de gravidez, não deixei de ir a escola, frequentei até o último mês da gestação. 
As dificuldades começaram logo após o nascimento de um menino lindo, o João Victor, que é com certeza a razão da minha vida, dos meus objetivos e também das minhas lutas. Porém com o nascimento dele, a liberdade já não era a mesma, não podia sair com as minhas amigas, só saia de casa para ir a escola, pois a responsabilidade naquele momento era cuidar do meu filho, trocar fralda, dar banho, alimentar e etc.

No começo as amigas estavam todas lá, mas aos poucos foram se afastando, pois os nossos assuntos e objetivos já não eram mais os mesmos e assim cada uma seguiu seu caminho. Penso que foi exatamente ai que pulei uma parte da minha vida, como se estivesse lendo um livro e de repente virasse varias páginas para continuar a leitura. Não sei o que poderia ter sido escrito nessas páginas, sei apenas que não as li, e nunca vou saber como teria sido essa história. Mas por outro lado,adquiri conhecimento muito cedo, me tornei uma pessoa responsável,cresci e amadureci, e tenho certeza que isso me trouxe muitos benefícios. 


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Como todos sabem também sou mãe. Aos 25 anos, mas sinto que me encaixo no grupo de "gravidez surpresa". Porém preferi não me incluir no post e deixar apenas o depoimento das Gabriela e da Daiane. Um dia, quem sabe, eu conte a minha história. Se você que esttá lendo esse post também se encaixa nesse grupo, não hesite em nos contar! Vamos conversar e trocar experiências. Beijos.


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